Governo argentino convida chanceler britânico a Buenos Aires após visita às Malvinas
O governo da Argentina apreciou, nesta terça-feira (20), a visita do chanceler britânico, David Cameron, às Ilhas Malvinas por considerar que, desta forma, incluiu o país em seu giro pela América do Sul, disse a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, ao convidá-lo a visitar Buenos Aires da próxima vez.
"Apreciamos o gesto do Chanceler do UK [Reino Unido] Cameron de incluir a Argentina em sua visita à região. Ficaremos felizes em recebê-lo em uma próxima ocasião também em Buenos Aires", escreveu Mondino em uma postagem na rede X que a imprensa local interpretou como uma ironia.
O giro de Cameron inclui, além do arquipélago, visitas a Paraguai e Brasil.
Horas antes, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, tinha se referido à visita do alto funcionário britânico às Malvinas como "um tema de agenda de David Cameron e - neste caso - do governo inglês".
"Nós não temos porque opinar sobre a agenda de outros países", acrescentou, embora tenha reafirmado o direito da Argentina à soberania sobre as ilhas.
Cameron chegou nesta segunda-feira às Malvinas, um mês depois de se reunir com o presidente argentino, Javier Milei, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A Argentina, que travou uma guerra com o Reino Unido pelas Malvinas em 1982, continua reivindicando a soberania sobre este arquipélago do Atlântico sul.
O conflito deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos.
Durante sua visita às ilhas, Cameron disse esperar que estas continuem sob a administração do Reino Unido por "muito tempo, possivelmente para sempre", segundo a agência Press Association (PA).
O governador da província argentina da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul - que inclui as Malvinas -, Gustavo Melella, considerou a visita de Cameron uma "provocação".
Ele também declarou Cameron persona non grata "em toda a extensão territorial" de sua província, a mais ao sul da Argentina e que que inclui, além das Malvinas, as ilhas Sandwich do Sul, Órcades do Sul e Geórgia do Sul.
Somaram-se ao repúdio os governadores de Buenos Aires, Río Negro, Santiago del Estero, La Rioja, La Pampa e Formosa, todos de oposição ao governo atual.
O comitê de Descolonização das Nações Unidas reivindica a cada ano aos dois países a abertura de negociações sobre a disputa de soberania das Malvinas, mas Londres se nega sistematicamente a fazê-lo.
O Gabinete de Assuntos Externos, Commonwealth e Desenvolvimento do governo britânico emitiu um comunicado no qual afirmam que o Reino Unido "está decidido a manter o direito dos ilhéus à 'autodeterminação'".
K.Willems--JdB