Presidente da Guatemala busca converter apoio político da UE em cooperação concreta
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, busca transformar o apoio político recebido da União Europeia em medidas concretas de cooperação para o desenvolvimento, afirmou nesta terça-feira (20) em entrevista à AFP.
Em janeiro deste ano, a forte pressão internacional exercida pela UE ajudou a evitar uma grave crise institucional na Guatemala e permitiu que Arévalo fosse empossado após vencer as eleições de agosto de 2023.
"A UE tem desempenhado um papel muito importante em termos de apoio político. Agora buscamos traduzir o apoio político em medidas concretas que apoiem os esforços para o desenvolvimento econômico e social de nosso país", afirmou.
"Temos interesse em explorar projetos de colaboração, atrair investimentos em grandes projetos de desenvolvimento, trabalhar em conjunto entre governos e setor privado", acrescentou.
Quando viajou para a posse de Arévalo no mês passado, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou investimentos de 50 milhões de euros (266 milhões de reais na cotação atual) em projetos comunitários na região de Petén.
Nesta terça-feira, Borrell afirmou que uma missão de sua equipe retornará ao país em março para discutir novas iniciativas.
No mesmo dia, Guatemala e UE assinaram em Bruxelas um Memorando de Entendimento que sistematiza o diálogo entre as partes e define o marco para o desenvolvimento de uma agenda de cooperação concreta.
"É o próximo passo, e acabamos de iniciá-lo. O memorando cria um mecanismo para consultas bilaterais e, neste marco, surge a discussão de oportunidades concretas de desenvolvimento", disse o presidente.
Após a posse de Arévalo, a UE adotou sanções contra cinco altos funcionários guatemaltecos, incluindo a procuradora-geral Consuelo Porras, por "minar a democracia e o Estado de direito". Outros três funcionários de alto escalão do Ministério Público, bem como um juiz, foram sancionados pelo bloco europeu.
- Diálogo com Zelensky -
Antes de visitar Bruxelas, o presidente da Guatemala esteve em Paris, onde se reuniu com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e em Munique, na Alemanha, onde participou na Conferência de Segurança e teve uma reunião com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.
Neste encontro, o mandatário ucraniano reiterou o convite para que participasse de um fórum mundial pela paz, que visa "propor soluções negociadas para a crise na Ucrânia", disse Arévalo.
"Acreditamos que o mundo precisa retomar o caminho da busca por soluções negociadas (...) parece-nos que é um caso em que a Guatemala pode contribuir para os esforços internacionais", acrescentou.
A viagem do presidente guatemalteco inclui passagens pela Suíça e terminará na Espanha, país onde atuou como embaixador e onde terá encontros com o presidente do Governo, Pedro Sánchez, e o rei Felipe VI.
W.Lejeune--JdB