Ministro Mauro Vieira convoca embaixador de Israel em meio a crise diplomática
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocou, nesta segunda-feira (19), o embaixador israelense em Brasília e chamou de volta para consultas o embaixador do Brasil em Tel Aviv, em meio à crise diplomática que surgiu após as declarações do presidente Lula sobre o conflito em Gaza.
A decisão do governo responde à "gravidade das declarações desta manhã do governo de Israel", que declarou o presidente Lula persona non grata por comparar a guerra contra o Hamas em Gaza com o Holocausto, informou o Itamaraty em nota.
Em um breve comunicado, Vieira convocou o embaixador israelense Daniel Zonshine a comparecer ao Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, onde ele se encontra para participar da reunião de chanceleres do G20 esta semana. O ministro também chamou de volta "para consultas" o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, que viajará nesta terça-feira (20) ao Brasil.
A crise entre Brasil e Israel surgiu no domingo, quando Lula comparou a ofensiva israelense contra o movimento islamista palestino Hamas em Gaza com a campanha de Adolf Hitler para exterminar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula no domingo durante uma entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou como convidado da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estado de continente.
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, criticou as declarações de Lula, declarando o petista "'persona non grata' em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras".
O governo de Israel também convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv para uma reunião com o chefe da diplomacia israelense no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
Lula, de 78 anos, classificou como "ato de terrorismo" o ataque do Hamas em solo israelense, que em 7 de outubro deixou 1.160 mortos, segundo um balanço da AFP com base em dados israelenses. Os combatentes do movimento islamista palestino também capturaram cerca de 250 pessoas, das quais 130 permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 30 que teriam morrido, segundo Israel.
O presidente também considerou "desproporcional" a resposta militar de Israel, que deixou mais de 29 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.
W.Lejeune--JdB