Journal De Bruxelles - Ucrânia se retira de uma posição perto de Avdiivka sob cerco russo

Ucrânia se retira de uma posição perto de Avdiivka sob cerco russo
Ucrânia se retira de uma posição perto de Avdiivka sob cerco russo / foto: Genya SAVILOV - AFP

Ucrânia se retira de uma posição perto de Avdiivka sob cerco russo

A Ucrânia anunciou nesta sexta-feira (16) a retirada de suas tropas de uma posição ao sul de Avdiivka, uma cidade do leste que enfrenta uma ofensiva feroz da Rússia, a poucos dias do segundo aniversário do início da invasão.

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A Ucrânia, em inferioridade numérica e material, resiste desde outubro a contínuos ataques russos contra essa localidade da bacia de Donbass.

"Mantivemos essa posição enquanto podíamos dissuadir e destruir de maneira eficaz o inimigo. A decisão de se retirar foi tomada para poupar pessoal e melhorar a situação operacional", escreveu no Telegram Oleksander Tarnavski, o general ucraniano que comanda as tropas na região.

Avdiivka tornou-se um símbolo da resistência das forças de Kiev quando se aproxima do segundo aniversário do início da invasão lançada por Moscou contra essa ex-república soviética em 24 de fevereiro de 2022.

A tomada de Avdiivka seria o avanço mais significativo para a Rússia desde a conquista de Bakhmut em maio de 2023, após meses de duros combates que deixaram milhares de mortos.

Enquanto os combates aumentam nesta região do leste, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, trava uma batalha diplomática com um giro em Berlim e Paris nesta sexta-feira, para assegurar que as potências ocidentais sigam ajudando Kiev.

No sábado, Zelensky defenderá ante a Conferência de Segurança de Munique (MSC em sua sigla em inglês) a continuação da assistência financeira internacional enquanto a entrega de fundos de seu principal doador, os Estados Unidos, está suspensa pelas divergências entre democratas e republicanos no Congresso americano.

Antes do anúncio da retirada, o porta-voz da 3ª brigada de assalto da Ucrânia, Oleksandr Borodin, afirmou que a batalha de Avdiivka está em uma fase "crítica" e que os combates são mais difíceis que em Bakhmut, uma localidade a 90 quilômetros ao norte.

Na quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que a Ucrânia faz "todo o possível" para salvar vidas na frente leste, em particular em Avdiivka.

Na quinta-feira, Kiev mobilizou mais tropas para reforçar as unidades em Avdiivka, que virou um "inferno", segundo a terceira brigada de assalto, enviada como reforço.

O município caiu brevemente nas mãos dos separatistas pró-Rússia em julho de 2014, antes de retornar ao controle ucraniano.

Apesar do cenário de destruição, quase 900 civis permanecem em Avdiivka, segundo as autoridades locais. Moscou espera que a conquista da área dificulte os bombardeios ucranianos sobre Donetsk, reduto das forças pró-Rússia no leste da Ucrânia há 10 anos.

Os mapas publicados na Internet por blogueiros militares próximos aos Exércitos da Ucrânia e da Rússia mostram que as forças de Moscou se aproximam de Avdiivka e tomaram posições que eram ocupadas pela Ucrânia.

- "Em direção a novas posições" -

"As tropas também estão manobrando em direção a novas posições preparadas para seguir varrendo os ocupantes russos e conservar a cidade", assegurou Tarnavski.

Depois do fracasso da contraofensiva de 2023, a Ucrânia enfrenta múltiplos desafios: as tropas russas estão na ofensiva, a ajuda militar americana está suspensa e o Exército ucraniano enfrenta a escassez de soldados, armas e munições.

"Estamos fazendo todo o possível para garantir que nossos combatentes tenham capacidades suficientes de organização e tecnologia para salvar o maior número possível de vidas ucranianas", declarou Zelensky na quinta-feira, em referência à situação "em Avdiivka e no leste em geral".

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, advertiu que "Avdiivka corre o risco de cair sob controle russo".

"Infelizmente, estamos recebendo relatórios dos ucranianos de que a situação é crítica; os russos continuam pressionando as posições ucranianas a cada dia", declarou Kirby, ao mesmo tempo que o governo do presidente democrata Joe Biden tenta obter dos republicanos no Congresso um acordo sobre um novo pacote de ajuda para Kiev.

Nesta sexta-feira, o centro de estudos alemão Kiel Institute afirmou que a União Europeia deverá "ao menos dobrar sua ajuda militar" à Ucrânia para compensar a inação dos Estados Unidos.

"É altamente incerto que os Estados Unidos enviem ajuda militar adicional em 2024", afirmou o instituto, que compila informações sobre a ajuda militar, financeira e humanitária prometida e entregue à Ucrânia desde a invasão russa em 2022.

B.A.Bauwens--JdB