Promotora que processa Trump se defende no tribunal de tentativa de afastamento
Uma promotora do estado da Geórgia que apresentou acusações contra o ex-presidente Donald Trump por tentativa de anular os resultados das eleições de 2020 se defendeu na quinta-feira (15) de um suposto conflito de interesses.
O ex-presidente e vários corréus pediram ao juiz da Suprema Corte do condado de Fulton, Scott McAfee, para inabilitar a promotora distrital Fani Willis após revelações de que ela tinha um relacionamento com o procurador-especial Nathan Wade, que ela designou para investigar o caso.
Willis, que admitiu o relacionamento amoroso, negou na audiência de quinta-feira uma conduta profissional inapropriada e acusou os advogados do ex-presidente republicano de divulgar "mentiras".
"É extremamente ofensivo", declarou, depois de ser obrigada a revelar detalhes de sua vida particular no tribunal, em um processo com transmissão pela TV.
O juiz McAfee deve decidir se a relação entre a promotora e Wade representou ou não um conflito de interesses.
Os advogados de Trump querem a rejeição das acusações contra seu cliente na Geórgia com a alegação de que a promotora incorreu em má conduta profissional devido a uma relação íntima.
Para o ex-presidente e os corréus, Willis e Wade tiveram uma "relação pessoal íntima inapropriada".
Os advogados afirmaram no tribunal que o pagamento de 650.000 dólares que Wade recebeu por seu trabalho permitiu que ele oferecesse "férias de luxo" à promotora Willis, incluindo um cruzeiro no Caribe.
- "Não estou em julgamento" -
O pedido de Trump é "infundado", afirmou em um documento judicial a promotora Willis, que disse que não tinha nenhum relacionamento com Wade quando o contratou em novembro de 2021.
Ao falar sobre a viagem ao Caribe, Fani Willis afirmou que cada um pagou as próprias férias e que ela geralmente o reembolsava em dinheiro.
"Não preciso que ninguém pague minhas contas. O único homem que pagou minhas contas foi meu pai", declarou.
O procurador Nathan Wade também prestou depoimento na audiência e afirmou que a relação com Willis começou em 2022. Ele disse que não obteve nenhum benefício econômico pessoal com a função de procurador-especial.
"Nossa relação não era um segredo, era apenas algo privado", disse Wade.
Porém, Robin Bryant Yeartie, ex-amiga e colega da promotora, afirmou no tribunal que tem conhecimento de que Willis e Wade iniciaram um "relacionamento pessoal romântico" no final de 2019.
Fani Willis rebateu: "Ela traiu nossa amizade".
Pressionada, a promotora contra-atacou os acusadores, ao afirmar que eles são julgados "por tentar roubar uma eleição em 2020".
"Eu não estou em julgamento, não importa o quanto tentem me julgar", declarou.
O juiz McAfee agendou outra audiência para a apresentação de argumentos no tribunal.
Favorito nas primárias republicanas para a eleição presidencial de novembro, Trump se declarou inocente no caso da Geórgia, estado em que o presidente Joe Biden venceu a eleição de 2020 por 12.000 votos.
A promotora Fani Willis solicitou que o julgamento do ex-presidente e de outros 14 acusados comece em 5 de agosto.
O republicano é alvo de vários processos.
Na quinta-feira, Trump compareceu a um tribunal de Nova York para um dos processos, sobre o suposto pagamento ilegal para obter o silêncio de uma atriz pornô.
O juiz anunciou que ele deverá comparecer para um julgamento criminal a partir de 25 de março, o primeiro na história de um ex-presidente dos Estados Unidos.
W.Dupont--JdB