Journal De Bruxelles - Paquistão caminha para coalizão sem grupo que lidera apuração

Paquistão caminha para coalizão sem grupo que lidera apuração
Paquistão caminha para coalizão sem grupo que lidera apuração / foto: FAROOQ NAEEM - AFP

Paquistão caminha para coalizão sem grupo que lidera apuração

Os candidatos ligados ao ex-primeiro-ministro preso Imran Khan lideravam neste sábado (10, noite de sexta em Brasília) a lenta contagem de votos das eleições legislativas do Paquistão, mas, mesmo assim, podem ficar de fora das negociações para formar um governo de coalizão.

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Mesmo enfrentando forte repressão das autoridades desta potência nuclear de 240 milhões de habitantes, o partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI) de Imran Khan superou as expectativas.

Apesar de a legenda não ter sido autorizada a figurar nas cédulas, seus candidatos concorrem como independentes e obtiveram 87 cadeiras, segundo a contagem oficial comunicada na noite de sexta-feira, que abrangia 243 dos 266 distritos em disputa no país.

Isso os coloca à frente dos outros dois partidos que disputam o poder, a Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), do ex-premiê Nawaz Sharif, com 69 cadeiras; e o Partido do Povo Paquistanês (PPP), de Bilawal Bhutto Zardari, que obteria 51.

Nenhum dos três conseguirá obter a maioria absoluta, então o vencedor terá que forjar alianças, de acordo com as projeções.

Todas as opções estão em aberto, embora a PML-N ainda seja a formação melhor posicionada para isso.

"Convidamos os outros partidos e os candidatos vencedores a trabalharem conosco", disse Nawaz Sharif, que já exerceu três mandatos como primeiro-ministro.

Aos 74 anos, o ex-governante retornou do exílio em outubro e contaria com o apoio do Exército, segundo observadores.

- 'Problemas de internet' -

As eleições de quinta-feira nesta república islâmica estiveram marcadas pela violência.

Nesta sexta-feira, duas pessoas morreram no noroeste do país em confrontos entre a polícia e apoiadores de Khan, o ex-primeiro-ministro que venceu as eleições de 2018.

"Dois manifestantes foram atingidos por pedras e perderam a vida" no distrito de Shangla, na província de Khyber Pakhtunkhwa, bastião do PTI, segundo a polícia local.

Também houve protestos em Peshawar, capital da província, e Quetta, na conflituosa região de Baluchistão, no sudoeste do país.

Na quarta-feira, duas explosões reivindicadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) deixaram 28 mortos na mesma região.

O Ministério do Interior informou nesta sexta-feira que foram registrados 61 ataques no dia anterior, com um balanço de 16 mortos e 54 feridos.

A campanha foi marcada por acusações de "fraudes pré-eleitorais", com a inabilitação de Khan, condenado a três longas penas de prisão dois dias antes da votação, e seu partido sendo alvo de grande repressão.

Para muitos de seus eleitores, o atraso na divulgação dos resultados reforçou as suspeitas de fraude. A Comissão Eleitoral, no entanto, insistiu que o atraso se deve a "problemas de internet", após o corte nos serviços de telefonia e internet na quinta-feira.

O Reino Unido expressou nesta sexta-feira sua "grave preocupação" com o processo eleitoral, enquanto os Estados Unidos afirmaram que "as denúncias de interferência ou fraude devem ser investigadas a fundo".

- Acusações de fraude -

Os independentes não vão conseguir formar governo sozinhos e têm 72 horas para decidir se vão se juntar ou não a um bloco parlamentar, o que também joga contra o PTI.

A Assembleia Nacional tem 336 cadeiras, 70 das quais são reservadas para mulheres e minorias religiosas e atribuídas proporcionalmente.

PML-N e PPP formaram um governo de coalizão, sob a liderança de Shehbaz Sharif, irmão de Nawaz, depois da destituição de Imran Khan do cargo de primeiro-ministro com uma moção de censura em 2022.

O PPP distanciou-se da PML-N durante a campanha. Seu líder, Bilawal Bhutto Zardari, filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007, mostrou-se crítico com a PML-N, mas a política paquistanesa está habituada a acordos que, a priori, parecem antinaturais.

A postura antissistema de Khan, um ex-astro do críquete, explica por que sua popularidade permaneceu intacta, apesar do declínio econômico que caracterizou seu mandato.

Khan também é conhecido por ter desafiado os militares, que governaram o país por décadas e supostamente o apoiaram em 2018. O político acusou as forças armadas de orquestrarem sua queda em 2022.

E.Goossens--JdB