Journal De Bruxelles - Morre Robert Badinter, artífice da abolição da pena de morte na França

Morre Robert Badinter, artífice da abolição da pena de morte na França
Morre Robert Badinter, artífice da abolição da pena de morte na França / foto: Joel Saget - AFP/Arquivos

Morre Robert Badinter, artífice da abolição da pena de morte na França

O ex-ministro da Justiça Robert Badinter, artífice da abolição da pena de morte na França em 1981, morreu nesta sexta-feira (9), aos 95 anos, disse à AFP uma de suas colaboradoras.

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"A pena de morte está destinada a desaparecer no mundo, porque é uma vergonha para a humanidade", disse ele em 9 de outubro de 2021, no 40º aniversário de sua abolição na França.

O presidente francês, Emmanuel Macron, prestou uma homenagem, na rede social X, a um homem que "nunca deixou de defender o Iluminismo", "uma figura do século, (...) o espírito francês".

Essa figura do governo do presidente socialista François Mitterrand (1981-1995) e brilhante advogado dedicou grande parte da sua vida à luta contra a pena capital na França e no mundo. Para este homem nascido em Paris em 30 de março de 1928, em uma família judia emigrada da Bessarábia (atual Moldávia), com a execução, "o crime muda de lado".

Em 1983, obteve a extradição, da Bolívia, do nazista Klaus Barbie, condenado à prisão perpétua em 1987 por crimes contra a humanidade enquanto chefe da Gestapo em Lyon, no leste da França.

A sede de justiça deste homem elegante de grossas sobrancelhas pretas veio de uma adolescência marcada pela Segunda Guerra Mundial. Em 1943, testemunhou, em Lyon, a prisão de seu pai, que depois morreu no campo de concentração de Sobibor, na Polônia. Sua família se refugiou nos Alpes franceses.

Badinter se concentrou, assim, nos estudos de Letras e Direito, parte dos quais cursou na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, antes de exercer a advocacia na França.

Foi em 1972, porém, que passou "da convicção intelectual à paixão militante" contra a pena de morte, ao não conseguiu salvar Roger Bontems, cúmplice em uma situação de reféns, da guilhotina.

No total, conseguiu afastar seis homens da pena capital, o que lhe valeu, por parte de alguns, o apelido de "advogado dos assassinos".

Depois de um primeiro casamento com a atriz Anne Vernon, casou-se novamente em 1966 com a filósofa Elisabeth Badinter, com quem teve três filhos.

W.Dupont--JdB