Aliados de ex-premiê detido lideram resultados preliminares de eleições no Paquistão
Candidatos próximos do ex-primeiro-ministro Imran Khan, atualmente preso, lideram os resultados das eleições no Paquistão após a apuração dos votos de mais da metade das circunscrições eleitorais, ao final de eleições marcadas pela violência e suspeitas de manipulação.
Vencedor das eleições de 2018, Khan foi proibido de participar nas eleições de quinta-feira e seu partido 'Pakistan Tehreek-e-Insaf' (PTI) não foi autorizado a concorrer em bloco, o que forçou os seus candidatos a se apresentarem na disputa como independentes.
Os resultados oficiais preliminares em 136 das 266 circunscrições dão 49 cadeiras aos candidatos independentes do PTI, contra 42 para a Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), da família Sharif e favorita das eleições, e 34 para o Partido do Povo Paquistanês (PPP).
As eleições, com 128 milhões de eleitores registrados, foram marcadas por violência e suspeitas de manipulação. A Comissão Eleitoral citou "problemas na internet" para explicar a lentidão do processo.
- Governo de coalizão? -
"O sentimento de certeza [sobre o resultado final] desapareceu rapidamente, com candidatos próximos ao PTI obtendo resultados melhores do que o esperado", disse à AFP Sarah Khan, professora de Ciência Política na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Os analistas esperavam uma vitória da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N) de Nawaz Sharif, de 74 anos, que retornou do exílio em outubro, e que teria o apoio do Exército, segundo observadores. Uma vitória do seu partido poderia levá-lo ao cargo de chefe de Governo do país pela quarta vez.
Antes dos primeiros resultados oficiais, o presidente do PTI, Omar Ayub Khan, disse estar convencido de que o seu partido seria "capaz de formar o próximo governo federal com uma maioria de dois terços".
A PML-N continua bem posicionada para vencer na província de Punjab, a mais populosa do país, disse o seu porta-voz, Marriyum Aurangzeb.
PML-N e PPP formaram um governo de coalizão, sob a liderança de Shehbaz Sharif, irmão de Nawaz, depois da destituição de Imran Khan do cargo de primeiro-ministro com uma moção de censura em 2022.
O PPP distanciou-se da PML-N durante a campanha. Seu líder, Bilawal Bhutto Zardari, filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007, mencionou resultados "muito promissores".
A Assembleia Nacional tem 336 cadeiras, 70 são reservadas para mulheres e minorias religiosas e atribuídas proporcionalmente.
- Suspeitas de manipulação -
A campanha foi marcada por acusações de "fraudes pré-eleitorais", com a inabilitação de Khan, condenado a três longas penas de prisão dois dias antes da votação, e o seu partido como alvo de grande repressão.
A interrupção da rede de telefonia móvel do país por ordem das autoridades levantou suspeitas de manipulação.
"Estávamos muito conscientes de que a suspensão dos serviços móveis teria impacto na transmissão dos resultados no Paquistão e atrasaria o processo [...] a escolha entre este atraso e a segurança dos nossos cidadãos foi bastante clara", declarou o ministro do Interior, Gohar Ejaz, em comunicado.
"Há um esforço para falsificar os resultados", acusou Raoof Hasan, chefe do setor de informação do PTI.
O partido não deixou de denunciar manipulações ao longo de todo o processo eleitoral.
Vários ataques também atrapalharam o processo. Duas explosões na quarta-feira, reivindicadas pelo grupo Estado Islâmico, deixaram 28 mortos.
O Exército também relatou 51 ataques durante o dia da votação que deixaram 12 mortos, incluindo 10 membros das forças de segurança.
Mais de 650 mil policiais e oficiais paramilitares foram mobilizados para garantir a segurança na quinta-feira.
R.Verbruggen--JdB