Journal De Bruxelles - Suprema Corte da Colômbia denuncia 'cerco' de manifestantes pró-Petro

Suprema Corte da Colômbia denuncia 'cerco' de manifestantes pró-Petro
Suprema Corte da Colômbia denuncia 'cerco' de manifestantes pró-Petro / foto: Daniel Munoz - AFP

Suprema Corte da Colômbia denuncia 'cerco' de manifestantes pró-Petro

A Suprema Corte da Colômbia denunciou um "bloqueio violento e ilegal" à sua sede por parte de centenas de manifestantes que responderam ao chamado do presidente Gustavo Petro para exigir que o tribunal escolha um novo procurador-geral de uma lista proposta pelo mandatário.

Tamanho do texto:

"A Suprema Corte de Justiça rejeita veementemente o cerco nas últimas horas ao Palácio da Justiça da capital do país [...] É inaceitável que juízes sejam sitiados", disse à imprensa o presidente do alto tribunal, Gerson Chaverra, que foi evacuado junto com os outros 22 magistrados nesta quinta-feira, ao final da tarde, em meio a uma operação de segurança intensa.

Sindicalistas, estudantes e indígenas responderam ao chamado de Petro para se manifestar nas principais cidades do país enquanto os magistrados realizavam uma reunião infrutífera em Bogotá para eleger o sucessor do atual procurador, Francisco Barbosa, a quem Petro acusa de tentar derrubá-lo.

Os manifestantes cercaram a principal sede judicial do país e bloquearam o acesso ao prédio onde estavam os juízes. No final da tarde, a polícia antimotim dispersou a multidão com gás lacrimogêneo. Alguns responderam lançando pedras contra as forças policiais, que retomaram o controle da área.

Os magistrados foram evacuados em veículos escoltados pela polícia por volta das 17h30 locais (19h30 no horário de Brasília), conforme imagens da imprensa local. "São minhas ordens, garantir a livre mobilidade e ninguém a obstaculiza neste momento", reagiu Petro na rede social X.

- 'Grave Risco' -

Para a Corte, as manifestações afetaram "gravemente o direito à liberdade de locomoção" e colocaram "em grave risco a vida e integridade física de magistrados, funcionários, jornalistas e demais ocupantes" do Palácio da Justiça.

As marchas foram pacíficas durante a manhã, mas a situação escalou ao meio-dia, quando o presidente do alto tribunal anunciou que nenhuma das candidatas conseguiu os 16 votos necessários para assumir o cargo.

A falta de consenso favorece a vice-procuradora-geral Martha Mancera, que sucederia Barbosa, seu atual chefe, uma vez que este termine seu mandato em 12 de fevereiro e até que os magistrados escolham um novo titular.

"A função judicial está apenas sujeita ao império da lei", enfatizou Chaverra. O tribunal não tem um prazo máximo para designar o procurador-geral e pode rejeitar a lista tríplice do executivo. No passado, os magistrados já chegaram a adiar a decisão até a troca de governo.

Por sua vez, Petro afirmou que "a suprema corte tem o direito e o dever de escolher livremente o procurador, e a cidadania tem o direito de se manifestar".

Também pediu investigações sobre a presença de "infiltrados nas marchas com objetivos políticos" e divulgou um vídeo no qual cinco homens abrem caminho entre a multidão e tentam sem sucesso derrubar uma barreira metálica na entrada do Palácio.

- Aumento das tensões -

No fim de semana, Petro acusou Barbosa de tentar derrubá-lo através de uma investigação sobre as doações feitas por um sindicato de trabalhadores para sua campanha, supostamente violando os limites estabelecidos por lei. Ele também fez um apelo a protestos, embora tenha suavizado o tom nesta quinta-feira.

"Não é certo dizer que a mobilização de hoje foi ordenada por mim, nem que é um instrumento de pressão contra a corte, à qual dei todo o meu respaldo e garantia. Se os grupos interessados decidirem desesperadamente pela ruptura institucional, haverá uma resposta popular contundente e sem violência", escreveu Petro na rede X.

A imprensa local revelou no domingo um relatório de inteligência que implica Mancera, braço direito de Barbosa, em uma trama para encobrir um funcionário da Procuradoria que supostamente colaborava com narcotraficantes.

"Estamos vivendo uma situação muito difícil neste país, temos um procurador que está mais ao lado dos bandidos [...] um procurador que quer adiar seu processo de substituição", disse à AFP Alexander Chala, um ex-militar reformado que marchou até a Praça de Bolívar, no centro de Bogotá.

Em Medellín, Cali e outras quatro cidades, também houve manifestações em apoio a Petro. As autoridades não informaram um número estimado de participantes.

Em janeiro, o MP apresentou acusações de lavagem de dinheiro contra Nicolás Petro, filho do presidente. Segundo o órgão acusador, o mais velho dos herdeiros de Petro teria recebido recursos do tráfico de drogas durante sua campanha presidencial em 2022, na qual teve papel fundamental na conquista de apoio no norte do país.

Nicolás Petro enfrentará julgamento em liberdade condicional e nega que seu pai tivesse conhecimento sobre a entrada de dinheiro de narcotraficantes em sua campanha.

J.F.Rauw--JdB