Blinken espera obter acordo sobre reféns em Gaza, mas ainda há 'trabalho a fazer'
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, expressou, nesta quarta-feira (7), sua esperança de que se alcance um acordo para libertar os reféns em Gaza, mas advertiu que ainda há "trabalho" a fazer para pôr fim à gerra entre Hamas e Israel.
"Há muito trabalho a fazer, mas estamos muito concentrados em fazê-lo e, com sorte, poder retomar a libertação dos reféns que foi interrompida", declarou Blinken em Jerusalém, em alusão à centena de cativos que foram postos em liberdade no fim de novembro durante a trégua de uma semana.
Uma nova rodada de negociações vai começar na quinta-feira no Cairo, auspiciada por Egito e Catar. O objetivo é alcançar "um cessar-fogo, o fim da guerra e uma troca de prisioneiros", informou um funcionário egípcio à AFP.
Uma fonte do Hamas assegurou que o grupo palestino tinha aceitado participar das negociações. Na semana passada, outra fonte do Hamas afirmou que a proposta incluía uma pausa de seis semanas nos combates e uma troca de prisioneiros, assim como mais ajuda para Gaza.
Mas as negociações têm continuado desde então. Em sua quinta viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito, em 7 de outubro, Blinken se reuniu nesta quarta com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Mas na véspera do encontro, Netanyahu insistiu em que o objetivo de Israel não tinha mudado: "estamos a caminho de uma vitória total e não vão nos deter".
A pressão pelo cessar-fogo aumentou em um momento em que as forças israelenses avançam para Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza, fronteiriça com o Egito, onde se refugiou mais da metade da população do pequeno território palestino.
De Jerusalém, Blinken urgiu o envio de mais ajuda humanitária a Gaza, cujos 2,4 milhões de habitantes sofrem com falta de água, comida, medicamentos e combustível.
"Todos temos a obrigação de fazer tudo o possível para levar a ajuda necessária aos que dela precisam desesperadamente", insistiu, antes de viajar para a Cisjordânia ocupada, onde se reuniu com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
- "Filme de terror" -
O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que se o exército israelense avançar para Rafah, "aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis".
"Chegou a hora de um cessar-fogo humanitário imediato e da libertação incondicional de todos os reféns", acrescentou, em um discurso na Assembleia Geral.
Os confrontos ocorrem em todo o território palestino.
Imagens da AFPTV mostraram cenas frenéticas de moradores do território correndo para salvar suas vidas, com o barulho de fundo dos disparos israelenses na Cidade de Gaza.
A guerra começou em 7 de outubro com o ataque do Hamas no sul de Israel, que matou mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Os milicianos islamistas também sequestraram cerca de 250 pessoas e 132 continuam em Gaza, incluindo 29 que se acredita que tenham morrido.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar que matou 27.708 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério de Saúde do Hamas, que governa o território.
Ao menos 123 pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo a mesma fonte.
O medo é constante entre os habitantes do extremo sul de Gaza, onde vivem amontoados.
"Fico apavorada com a ideia de que Israel inicie uma operação terrestre em Rafah", disse, nesta cidade, Dana Ahmed, de 40 anos, que fugiu com os três filhos da Cidade de Gaza.
"Não posso imaginar o que vai acontecer conosco", afirmou. "Para onde vamos agora? A situação é catastrófica. Sinto que estou vivendo um filme de terror", acrescentou.
- Israel destrói túnel -
Israel informou que vai entrar em Rafah em busca de combatentes do Hamas.
Nesta quarta-feira, o exército anunciou a descoberta e posterior destruição de um túnel de mais de 1 km no qual o Hamas manteve cerca de 12 reféns desde outubro.
Nas últimas semanas, a violência se intensificou também no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, onde grupos apoiados pelo Irã lançaram ataques em apoio ao Hamas, gerando respostas de Israel, Estados Unidos e seus aliados.
Há semanas, rebeldes huthis do Iêmen atacam embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, em solidariedade aos palestinos, ações que afetam o comércio marítimo global e geraram respostas dos Estados Unidos e Reino Unido.
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E.Goossens--JdB