Journal De Bruxelles - Colômbia e ELN prorrogam cessar-fogo por seis meses

Colômbia e ELN prorrogam cessar-fogo por seis meses
Colômbia e ELN prorrogam cessar-fogo por seis meses / foto: YAMIL LAGE - AFP

Colômbia e ELN prorrogam cessar-fogo por seis meses

O governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN) assinaram, nesta terça-feira (6), em Havana, um acordo para prorrogar por seis meses o cessar-fogo bilateral, que está em vigor desde 4 de agosto, com o compromisso por parte da guerrilha de suspender os sequestros.

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"Quem disse que a paz era fácil? Mas quem pode negar que cada passo que se dá não vale a pena e é importante (...) Hoje temos uma prorrogação fortalecida do cessar-fogo de 180 dias", disse a chefe das negociações da parte do governo, Vera Grabe, após assinar o acordo com seu contraparte insurgente, Pablo Beltrán.

O pacto tinha sido anunciado pelas duas partes na madrugada desta terça minutos antes de entrar em vigor.

"Concordamos em prorrogar a partir da 00:00 hora do dia 6 de fevereiro de 2024, por cento e oitenta (180) dias, o Cessar-Fogo Bilateral, Nacional e Temporário (CFBNT)", diz o documento divulgado pelas duas partes em suas contas na rede social X.

Durante a cerimônia de encerramento da VI rodada de negociações, iniciada em 22 de janeiro em Havana, Beltrán, chefe da delegação do ELN, afirmou que as partes trabalharam para que o acordo seja "mais robusto, [a fim] de resolver os problemas, de adicionar novas situações, novos compromissos".

- "Fato histórico" -

No texto, com data de 5 de fevereiro, a última guerrilha ativa da Colômbia também se compromete a abandonar as ações de sequestro.

"O ELN, para contribuir com o desenvolvimento do CFBNT, suspende de forma unilateral e temporária as retenções de caráter único", diz o acordo assinado.

"Há um fato histórico e é que o ELN suspende como decisão as retenções com fins econômicos, como as chama o ELN, esse é um passo fundamental que temos que valorizar", disse Grabe.

Durante a quinta rodada de negociações de paz celebrada em dezembro no México, o ELN já havia expressado a intenção de suspender os sequestros em troca da cobrança de resgates.

O acordo no México ajudou a superar a crise provocada pelo sequestro, em 28 de outubro, do pai do astro do futebol colombiano Luis Díaz, atacante do Liverpool inglês, que foi libertado 12 dias depois.

- "Fatores de crise" -

As negociações complexas levaram as duas delegações a adiar na segunda-feira o encerramento do ciclo de negociações que pretendia ampliar a trégua, que expirou oficialmente em 29 de janeiro.

Há uma semana, o governo e o ELN já haviam concordado em prorrogar por sete dias a trégua, para dar tempo às negociações que pretendiam estender o cessar-fogo por mais um semestre.

As partes também acordaram em Havana a criação do Fundo de Multi-doação para o processo de paz na Colômbia.

Segundo Beltrán, não se trata de um fundo para cobrir "assuntos do ELN", mas para "atender à implementação de todos os acordos".

Em entrevista à emissora colombiana Blue Radio, o alto comissário para a Paz na Colômbia, Otty Patiño, rechaçou o financiamento ligado aos sequestros e explicou que está relacionado "com a participação em transformações pacíficas nos territórios e também com o fim do conflito".

Ele acrescentou que o financiamento ligado aos sequestros é um tema superado, mas os guerrilheiros "voltaram a colocá-lo sobre a mesa e naturalmente houve o repúdio, o rechaço" da delegação oficial, dos avalistas e acompanhantes internacionais, que descartaram "essa pretensão de chantagear no sequestro com o tema do financiamento".

As negociações rotativas de paz com o ELN, que, segundo números oficiais, conta com mais de 5.000 membros, tiveram início em Caracas, em novembro de 2022, sob a liderança do presidente Gustavo Petro, que lançou um plano de Paz Total com grupos rebeldes e organizações do narcotráfico.

Seu antecessor, Iván Duque (2018-2022), suspendeu as conversas com o ELN após um atentado contra um centro de formação de policiais.

A Colômbia enfrenta seis décadas de conflito armado, que já deixou 9,5 milhões de vítimas, entre deslocados, assassinados, sequestrados e desaparecidos.

O.Leclercq--JdB