Blinken volta ao Oriente Médio em busca de trégua em Gaza
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, chegou à Arábia Saudita nesta segunda-feira (5) para um novo giro pelo Oriente Médio, em busca de uma trégua no conflito entre Israel e o Hamas, que travam combates intensos no sul da Faixa de Gaza.
Em sua quinta viagem à região desde outubro, Blinken chegou a Riade e também deve visitar Israel, Egito e Catar. O diplomata e o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, discutiram a necessidade de "uma coordenação regional para alcançar um fim duradouro" do conflito em Gaza, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
O Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, afirmou que pelo menos 128 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses ao território.
O governo do Hamas relatou bombardeios israelenses no entorno de três hospitais em Khan Yunis, principal cidade do sul da Faixa, cercados por forças israelenses. Mais ao sul, Rafah, uma “panela de pressão de desespero", segundo a ONU, abriga mais da metade dos 2,4 milhões de habitantes do território deslocados pelos ataques de Israel.
O Exército israelense indicou que efetuou "ataques direcionados" nas zonas centrais e do norte da Faixa que mataram "dezenas de terroristas que armavam emboscadas" para os soldados em Khan Yunis.
- Sem acordo -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que uma vitória de Israel em Gaza aplicaria "um golpe fatal" no movimento islamita e em outros grupos pró-Irã na região, como o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen. Seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, garantiu que o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinuar, anda “de esconderijo em esconderijo” e já não comanda suas forças, porque se ocupa “da sua sobrevivência".
A guerra eclodiu após os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que deixaram cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses. Os milicianos islamitas também sequestraram cerca de 250 reféns e, segundo Israel, 132 permanecem em Gaza, incluindo pelo menos 27 que foram dados como mortos.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva militar que matou pelo menos 27.478 pessoas em Gaza, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território.
Blinken irá discutir em seu giro uma proposta de trégua esboçada em janeiro por autoridades de Estados Unidos, Israel, Egito e Catar reunidas em Paris. Esse acordo determinaria uma pausa nos combates por seis semanas, para que o Hamas libere reféns em troca de prisioneiros palestinos, segundo uma fonte do grupo islamista.
Netanyahu, que enfrenta pressões pela situação dos reféns, disse que Israel "não aceitará" as exigências do Hamas para uma troca. Durante uma reunião de seu partido, ele declarou que "os termos de um eventual acordo devem ser similares aos do acordo anterior", que permitiu uma trégua em novembro, durante a qual se trocaram reféns por presos palestinos.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou hoje em conversa telefónica com o primeiro-ministro que “apenas uma solução negociada de dois Estados abriria a perspectiva de uma solução duradoura para o conflito no Oriente Médio”.
O ministro francês das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, em sua primeira visita à região desde que assumiu o cargo, declarou que a paz só será alcançada mediante a diplomacia, e pediu a retomada urgente das conversas de paz.
- Garantir a neutralidade -
Os habitantes de Gaza enfrentam condições humanitárias extremas, enquanto a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que fornece ajuda vital aos palestinos, se encontra em meio a uma polêmica após acusações de que 12 dos seus funcionários participaram dos ataques do Hamas de 7 de outubro.
Muitos países, incluindo os Estados Unidos, suspenderam seu financiamento após essa denúncia. Nesse sentido, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israrel Katz, disse que seu governo apresentará "todas as provas que destaquem os vínculos da UNRWA com o terrorismo e seus efeitos nocivos para a estabilidade regional".
No entanto, a Espanha ajudou uma ajuda emergencial de 3,5 milhões de euros (3,76 milhões de dólares ou 18,8 milhões de reais) "para a manutenção de suas atividades no curto prazo", disse o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta segunda-feira a criação de um painel independente para avaliar se a organização "está fazendo o todo possível para assegurar a neutralidade". Já o rei da Jordânia, Abdullah II, pediu que os doadores mantenham o apoio à agência, "para permitir que ela proporcione sua ajuda humanitária vital".
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J.F.Rauw--JdB