Aumenta pressão internacional sobre Israel e Hamas para nova trégua em Gaza
Mediadores internacionais pressionaram, nesta terça-feira (30), para conseguir um novo cessar-fogo em Gaza, que permita a libertação dos reféns detidos pelo Hamas no território palestino bombardeado há quase quatro meses pelas forças israelenses.
O diretor da Agência Central de Inteligência americana (CIA, na sigla em inglês), William Burns, reuniu-se no domingo (28), em Paris, com autoridades do Egito, de Israel e do Catar para esboçar um novo projeto de trégua.
O movimento islamista Hamas, que governa Gaza desde 2007, confirmou que recebeu a proposta e que a está "analisando" para "dar uma resposta".
Um alto funcionário do movimento, Taher al Nunu, insistiu nesta terça-feira em que o Hamas deseja um "cessar-fogo completo e total, e não uma trégua temporária".
O primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman al Thani, expressou confiança em um acordo que leve a um cessar-fogo permanente.
Segundo Al Thani, o plano inclui uma trégua gradual que permitirá inicialmente a libertação de mulheres e crianças mantidas reféns em Gaza e a entrada de ajuda humanitária no território, devastado pela guerra e sujeito a um cerco israelense.
Uma trégua de uma semana no final de novembro passado, negociada com mediação do Catar, do Egito e dos Estados Unidos, permitiu que os reféns capturados durante o ataque sangrento dos milicianos islamistas em Israel, em 7 de outubro, fossem trocados por prisioneiros palestinos detidos em Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descartou nesta terça-feira qualquer trégua que envolva a retirada das tropas israelenses de Gaza, ou a libertação de "milhares de terroristas".
"Não vamos retirar o Exército da Faixa de Gaza, nem vamos libertar milhares de terroristas. Nada disso acontecerá", frisou, em declaração na colônia de Eli, na Cisjordânia ocupada.
A pressão internacional surge em meio a temores de uma propagação do conflito, o que agrava as tensões na região.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não busca uma escalada, ao mesmo tempo em que avalia uma resposta militar contra o Irã após o ataque de drones que matou três soldados americanos na Jordânia.
"Não creio que precisemos de uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Não é isso que procuro", disse ele.
A guerra também intensificou a violência na Cisjordânia. Durante uma operação contra um hospital, soldados israelenses que operavam disfarçados mataram três supostos membros de uma "célula terrorista" do Hamas naquele território palestino, ocupado por Israel desde 1967.
- Khan Yunis, epicentro dos combates -
O conflito eclodiu em 7 de outubro com a incursão de comandos islamistas que mataram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Cem reféns foram trocados por prisioneiros palestinos durante a trégua de novembro. Dos 132 mantidos em cativeiro em Gaza, estima-se que 28 morreram.
A ofensiva lançada por Israel com o objetivo de "aniquilar" o Hamas deixou até agora pelo menos 26.751 mortos, a maioria mulheres, crianças e menores, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.
No momento, os combates se concentram em Khan Yunis, no sul do enclave, reduzido a escombros.
O Exército israelense afirmou ter encontrado "grandes quantidades de armas" na área, onde também "eliminou terroristas".
A Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino que luta ao lado do Hamas, relatou confrontos com tropas israelenses perto de Khan Yunis e em outras partes do território, incluindo a Cidade de Gaza, no norte.
Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, no extremo-sul, dezenas de corpos foram enterrados em uma vala comum, depois de Israel ter devolvido restos mortais de palestinos exumados, segundo fontes palestinas.
- Reunião com Guterres em NY -
Mais de 80% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza se tornaram deslocados internos, segundo a ONU.
No dia 9 de outubro, Israel impôs um "cerco total" ao território, impedindo a entrada de água, alimentos, combustível e medicamentos. A maioria dos habitantes enfrenta riscos de fome e doenças.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), fundamental para a assistência humanitária à população, teve seu financiamento suspenso por 12 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Alemanha, após acusações israelenses de que dez de seus funcionários estavam envolvidos no ataque de 7 de outubro.
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O.Meyer--JdB