Biden promete responder à morte de soldados na Jordânia, Irã nega envolvimento
Depois de acusar grupos pró-Irã, o presidente americano Joe Biden prometeu responder ao ataque com drones na Jordânia que matou três militares americanos e feriu mais de 30, uma ação sobre o qual Teerã negou qualquer responsabilidade nesta segunda-feira (29).
Esta foi a primeira vez que soldados americanos morreram no Oriente Médio desde o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, o que provoca temores de uma escalada de tensões do conflito latente entre Israel e Irã como pano de fundo.
Neste contexto, o governo iraquiano condenou nesta segunda-feira o ataque em pleno deserto, na fronteira entre a Jordânia, Iraque e Síria, pediu "fim à espiral de violência" e se declarou disposto a ajudar "na elaboração de regras de compromisso fundamentais para evitar novas repercussões na região e impedir que o conflito se estenda".
O Comando Central (Centcom) americano informou na noite de domingo que um ataque atingiu uma base de apoio logístico localizada Torre 22, no nordeste da Jordânia, e feriu ao menos 34 membros do serviço - oito deles precisaram ser retirados do país.
A base tem quase 350 integrantes do Exército e da Força Aérea americana que realizam "uma série de funções cruciais de apoio", entre outras, para a coalizão internacional contra o grupo extremista Estado Islâmico.
"Vamos responder", disse Biden durante uma visita ao estado da Carolina do Sul.
"Hoje, o coração dos Estados Unidos está entristecido. À noite, três militares americanos morreram e vários ficaram feridos, em um ataque com drones contra nossas forças baseadas no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria", afirmou.
"Sabemos que foi realizado por grupos combatentes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque", disse Biden. "Não tenha nenhuma dúvida: faremos que os responsáveis prestem contas, quando e como consideramos conveniente", acrescentou.
O Irã respondeu por meio de sua representação permanente na ONU que "não tem nenhum vínculo nem nada a ver com o ataque à base americana", que atribuiu a um "conflito entre Estados Unidos e os grupos de resistência da região", segundo um boletim da agência oficial iraniana Irna.
"Estes grupos respondem aos crimes de guerra e ao genocídio cometidos pelo regime sionista", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Naser Kanaani, referindo-se a Israel. "Decidem suas ações com base nos próprios princípios", acrescentou, citado pela Irna.
O Irã também anunciou nesta segunda-feira a execução de quatro homens acusados de espionar para Israel.
- Reivindicação -
Neste ano eleitoral nos Estados Unidos, os adversários republicanos de Biden se apressaram a criticar sua atuação. Donald Trump denunciou no domingo o "enfraquecimento e o abandono" do democrata.
O porta-voz do governo jordaniano, Muhanad Mubaidin, fustigou "o ataque terrorista que teve como objetivo uma posição avançada na fronteira com a Síria", golpeando as tropas americanas "que cooperam com Jordânia para enfrentar o terrorismo e assegurar a fronteira".
Os governos do Bahrein e Egito também condenaram o ataque, assim como o do Reino Unido, cujo ministro das Relações Exteriores, David Cameron, pediu ao Irã uma "desescalada" na região.
Em sua conta no Telegram, a Resistência Islâmica no Iraque, uma aliança de grupos armados pró-Irã que rechaça o apoio dos Estados Unidos a Israel, reivindicou sua responsabilidade pelos "ataques cometidos no domingo ao amanhecer com drones" contra três bases em território sírio, entre elas as de Al Tanf e Rukban, muito próximas entre si, na fronteira com a Jordânia.
O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que a morte dos soldados "é uma mensagem para o governo americano de que, a menos que o assassinato de inocentes em Gaza se detenha, pode ter que enfrentar toda a nação" muçulmana.
"A continuidade da agressão americano-sionista em Gaza poderia causar uma explosão regional", acrescentou em uma declaração.
Os Estados Unidos e suas forças aliadas no Iraque e na Síria foram alvos de mais de 150 ataques desde meados de outubro, segundo o Pentágono. Trata-se de uma repercussão direta da guerra em Gaza entre Israel, aliado de Washington, e Hamas, apoiado pelo Irã.
Muitos ataques contra funcionários americanos foram reivindicados pela Resistência Islâmica no Iraque.
Desde o início de janeiro, os Estados Unidos bombardeiam, com o apoio do Reino Unido, posições dos rebeldes huthis no Iêmen, um grupo pró-iraniano que ataca navios comerciais internacionais no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.
Além da guerra em Gaza, Israel mantém uma troca de ataques quase todos os dias com o grupo libanês Hezbollah, muito próximo do Irã. Israel também intensificou os ataques contra alvos ligados ao governo da Síria e contra os grupos pró-iranianos instalados nesse país.
G.Lenaerts --JdB