Journal De Bruxelles - Biden pede aprovação de reforma que permite fechar fronteira com México se estiver 'saturada'

Biden pede aprovação de reforma que permite fechar fronteira com México se estiver 'saturada'
Biden pede aprovação de reforma que permite fechar fronteira com México se estiver 'saturada' / foto: SAUL LOEB - AFP

Biden pede aprovação de reforma que permite fechar fronteira com México se estiver 'saturada'

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta sexta-feira (26) aos republicanos do Congresso que aprovem um projeto de lei bipartidário para controlar a migração que permitiria "fechar a fronteira" com o México "quando esta estiver saturada".

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"O que foi negociado seria - se for aprovado como lei - o conjunto de reformas mais duras e justas para garantir a segurança da fronteira que jamais tivemos em nosso país", afirmou Biden em comunicado.

"[A lei] me daria, como presidente, uma nova autoridade de emergência para fechar a fronteira quando esta estiver saturada", acrescentou. "E se eu tivesse essa autoridade, eu a usaria no dia em que sancionar o projeto de lei", acrescentou o democrata, em um tom incomum para ele.

Por ora, são desconhecidos os detalhes do acordo negociado por um grupo de congressistas conservadores e funcionários governamentais há dois meses.

Estas negociações são uma tentativa de salvar um pacote de ajuda à Ucrânia que o presidente solicitou ao Congresso, mas que os republicanos condicionam a um endurecimento da política migratória.

- Noite e dia -

"Se vocês levam a sério a crise fronteiriça, aprovem um projeto de lei bipartidário e eu o sancionarei", acrescentou o presidente.

As negociações sobre este tema, um dos mais importantes para as eleições de novembro, são árduas. Trabalham "as 24 horas do dia, os feriados e os fins de semana", afirmou Biden.

O presidente, candidato à reeleição em novembro, também exorta o Congresso a proporcionar os fundos que pediu em outubro para cobrir o custo de 1.300 agentes adicionais da patrulha fronteiriça, 375 juízes de imigração, 1.600 funcionários de asilo e mais de 100 máquinas para detectar fentanil na fronteira.

O chamado de Biden acontece poucas horas depois de o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, advertir que o pacto migratório morrerá assim que chegar à Casa.

"Se os rumores sobre o conteúdo do projeto estão corretos, ele já estaria morto ao chegar à Câmara de qualquer maneira", afirmou Johnson em uma carta.

Johnson é um aliado do ex-presidente Donald Trump, o favorito para a indicação presidencial republicana e possível adversário de Biden em novembro.

O "speaker" da Câmara também levantou a voz para mostrar a Biden que não haverá concessões e que a solução para o que classifica de "catástrofe fronteiriça" está em um projeto de lei adotado no ano passado pelos republicanos da Câmara dos Representantes.

Este projeto coloca travas aos pedidos de asilo, pede a retomada da construção de um muro na fronteira com o país vizinho e ressuscita os chamados Protocolos de Proteção ao Migrante (conhecidos como "Fique no México" ou MPP), introduzidos por Trump para que os migrantes esperassem a conclusão do processo migratório do outro lado da fronteira.

Em muitos de seus comícios, Trump promete realizar "a maior operação interna de expulsão" da história se voltar à Casa Branca porque considera que os migrantes "envenenam o sangue" do país.

A chegada de migrantes em massa à fronteira é o principal "calcanhar de Aquiles" eleitoral de Biden.

Segundo dados da patrulha fronteiriça americana, as autoridades interceptaram, em novembro de 2023, mais de 242.000 vezes migrantes e solicitantes de asilo na fronteira com o México. Não foram divulgados os números de dezembro.

- Frentes abertas -

A crise migratória tem várias frentes.

O secretário de Segurança Doméstica do governo Biden, Alejandro Mayorkas, também está sendo alvo dos republicanos, que querem destitui-lo.

Um comitê da Câmara dos Representantes, onde os conservadores têm uma maioria ajustada, considera ter juntado provas suficientes para submetê-lo a um processo de impeachment.

Em sua carta, Johnson adverte que, na semana que vem, serão retomadas as sessões e "a votação ocorrerá o mais breve possível". De qualquer forma, o processo não deve prosperar no Senado, onde os democratas têm maioria.

Além disso, Johnson, junto com Trump e outros líderes conservadores, apoiam o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, que se transformou em um pesadelo para a administração democrata com seus constantes desafios.

Abbott colocou arame farpado na fronteira, transferiu migrantes em ônibus para cidades dirigidas por democratas e, segundo o governo Biden, impediu o acesso de agentes federais a alguns setores.

D.Verheyen--JdB