Chavismo deixa em suspenso acordo com oposição sobre eleições na Venezuela
O chavismo no poder deixou em suspenso, nesta quinta-feira (25), o acordo com a oposição sobre as eleições presidenciais de 2024 na Venezuela, após denunciar "planos" de magnicídio, e insistiu em rejeitar que a opositora Maria Corina Machado, considerada inelegível, possa ser candidata.
As autoridades anunciaram na semana passada mais de 30 prisões, entre civis e militares, por cinco supostas conspirações em 2023 e início de 2024, nas quais estariam envolvidos líderes da oposição, agentes de inteligência dos Estados Unidos e do Exército da Colômbia, todos alvos habituais do governo venezuelano nesse tipo de acusação.
"Em 2024, haverá eleições presidenciais porque é o que estabelece a Constituição", disse Jorge Rodríguez, chefe do Parlamento e líder da delegação do governo no processo de negociação mediado pela Noruega.
"Iremos até o fim para defender o direito que esse povo tem de escolher o presidente (...), com ou sem acordo de Barbados, porque esse acordo de Barbados está em risco", alertou o deputado ao plenário da câmara.
Ele se referia ao documento assinado em outubro passado no âmbito do processo de diálogo, no qual ambas as partes concordaram com eleições no segundo semestre do ano com observação da União Europeia.
As denúncias de tentativas de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder.
- Maduro candidato, Machado não -
Rodríguez disse que Maduro tentará a reeleição, depois de o líder socialista ter dito no início do ano que ainda era "prematuro" confirmar sua candidatura.
Do outro lado, María Corina Machado quer concorrer à Presidência, mas aguarda uma decisão da Suprema Corte, alinhada ao governo, sobre uma inabilitação política de 15 anos contra ela.
"Não há como essa mulher ser candidata a nada em nenhuma eleição", advertiu Rodríguez.
"Eles têm que aceitar que eu não estou inabilitada e que serei a candidata. Que eles não vão gostar? Sem dúvida", apontou Machado em entrevista à CNN En Español na quarta-feira.
A coalizão opositora Plataforma Unitária, que reafirmou seu apoio a Machado, classificou as denúncias do chavismo como "ficção" em um comunicado.
"Capítulos inteiros de histórias de ficção são apresentados a cada ano, que vão desde magnicídios, golpes de Estado ou conspirações de todo tipo, e que servem de argumento para empreender uma repressão seletiva contra a oposição venezuelana, aumentando o número de reféns políticos, que depois são usados como peças de troca em processos de negociação".
- 'Venham' verificar -
Rodríguez revisou as provas das supostas conspirações, incluindo vídeos com depoimentos dos acusados apresentados na semana passada pelo procurador-geral, Tarek William Saab.
Ele pediu aos facilitadores da Noruega para "verificar" o estado dos acordos.
"Eles ficam dizendo 'queremos verificar o estado dos acordos'", disse. "Venham (...) para que possamos entregar todas as provas a vocês, e vocês terão que fazer algo".
Rodríguez garantiu que enviaria essas provas aos membros da delegação negociadora da oposição, esperando um pronunciamento de rejeição.
"Aqui diz, 'ratificando, rejeitando qualquer forma de violência política contra a Venezuela, seu Estado e suas instituições'", assinalou ao ler o documento assinado em Barbados. "Quando vocês estavam assinando isso, já estava em andamento a operação do assassino de La Viñeta", uma residência oficial onde supostamente planejavam matar Maduro.
Segundo as autoridades, os planos não foram divulgados na época para não atrapalhar as negociações do governo com a oposição e, paralelamente, com os Estados Unidos.
C.Bertrand--JdB