Israel perde 24 soldados em um dia, sua maior baixa em 24h desde início da guerra em Gaza
Israel anunciou, nesta terça-feira (23), que 24 de seus soldados morreram ontem na Faixa de Gaza, sua maior baixa militar em 24 horas desde o início de sua ofensiva terrestre no território palestino.
Por outro lado, Brett McGurk, enviado do presidente americano Joe Biden, viajou ao Oriente Médio para discutir a possibilidade de um novo acordo que permita libertar reféns israelenses em troca de uma pausa nos combates.
No front, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, informou que 21 reservistas morreram no sul da Faixa de Gaza. As mortes ocorreram no desabamento, causado por disparos de um tanque, de dois edifícios que estavam sendo minados.
A estas se somam a morte de mais três soldados em um incidente separado, fazendo com que Israel registrasse a maior perda diária de soldados desde o início de sua ofensiva terrestre em 27 de outubro, elevando o número total de militares mortos para 221.
Em Jerusalém, mais de 200 pessoas compareceram na terça-feira ao funeral de uma das vítimas, Hadar Kapeluk. Seu caixão foi carregado por soldados e coberto com uma bandeira israelense, entre túmulos recentemente lacrados e cobertos por coroas de crisântemos.
- Khan Yunis cercada -
A guerra foi provocada pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, que deixou mais de 1.140 mortos, na maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base nos dados oficiais israelenses.
Aproximadamente 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza, incluindo cerca de cem que foram libertadas em novembro durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinos. Pelo menos 132 reféns ainda estão no território, dos quais acredita-se que 28 tenham morrido.
Nesta terça, alguns dos reféns que foram libertados durante a trégua de novembro, afirmaram diante de uma comissão parlamentar que foram tratados como "marionetes".
"Fiquei lá por 51 dias e não houve nenhum momento em que não enfrentamos todo tipo de abusos", declarou Aviva Siegel, uma mulher de 60 anos que foi capturada em 7 de outubro.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma extensa operação militar que resultou na morte de 25.490 palestinos, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Aos 109 dias de guerra, as forças israelenses anunciaram ter "cercado" Khan Yunis, a principal localidade do sul do território e cidade natal de Yahya Sinuar, líder do movimento islamista.
"Os tanques israelenses estão disparando intensamente contra os andares superiores do prédio de cirurgia e do prédio de emergências do hospital Naser, esperando-se dezenas de feridos", disse o Hamas em comunicado.
O pequeno território palestino, cercado e devastado pela guerra, está ameaçado com uma "iminente fome", denunciou a ONU em Genebra. Pelo menos 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes fugiram de suas casas, segundo a mesma fonte.
- Nova proposta de cessar-fogo -
A continuação do conflito e seu custo humano estão aumentando a pressão sobre o governo israelense para negociar uma nova trégua com o Hamas e preparar o futuro do território.
Segundo o site de notícias americano Axios, Israel propôs ao Hamas, com a mediação do Egito e do Catar, uma pausa de dois meses nas operações militares em Gaza para realizar uma troca entre prisioneiros palestinos e todos os reféns ainda em Gaza, vivos ou falecidos.
O Catar, que mediou um acordo anterior de trégua que permitiu liberar reféns, desmentiu a informação.
Por sua vez, uma fonte palestina bem informada disse à AFP que uma delegação do Hamas havia chegado ao Egito nesta terça para "discutir [...] uma nova proposta de cessar-fogo".
Benjamin Netanyahu rejeita, por enquanto, um cessar-fogo e a solução de dois Estados, ou seja, a criação de um Estado palestino independente ao lado de Israel.
Nesta terça-feira, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, insistiu que Israel "não pode vetar" o direito dos palestinos a ter um Estado. E o secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou a recusa israelense de "inaceitável".
O conflito também está exacerbando as tensões entre Israel e os aliados pró-iranianos do Hamas na região.
O Hezbollah libanês anunciou nesta terça-feira que havia disparado mísseis contra a base militar de Meron, no norte de Israel.
No Iêmen, Estados Unidos e Reino Unido realizaram ataques nas últimas horas contra instalações dos huthis para "enfraquecer" seu arsenal militar.
Os rebeldes têm multiplicado os ataques a navios mercantes no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, interrompendo o comércio internacional.
S.Vandenberghe--JdB