Journal De Bruxelles - Chavismo vai às ruas em apoio a Maduro enquanto oposição denuncia intimidação

Chavismo vai às ruas em apoio a Maduro enquanto oposição denuncia intimidação
Chavismo vai às ruas em apoio a Maduro enquanto oposição denuncia intimidação / foto: Gabriela Oraa - AFP

Chavismo vai às ruas em apoio a Maduro enquanto oposição denuncia intimidação

Milhares de militantes chavistas marcharam, nesta terça-feira (23), na Venezuela em apoio ao presidente Nicolás Maduro, que acusou seus adversários de orquestrar planos para assassiná-lo, enquanto a oposição denunciou a intimidação e a prisão de ativistas.

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O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, convocou manifestações em todo o país neste 23 de janeiro, que marca a queda da ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez, em 1958.

"Hoje, o povo da Venezuela tomou as ruas para demonstrar quem é que manda na Venezuela: povo combatente, povo rebelde, povo histórico", expressou Maduro em um discurso no encerramento da manifestação.

Na véspera, autoridades venezuelanas anunciaram que desmantelaram, ao longo de 2023, cinco supostas conspirações para assassinar Maduro, resultando na prisão de 32 pessoas, entre civis e militares.

As denúncias de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder e joga em 2024 sua continuidade em eleições ainda sem data.

"Se algum dia os fascistas me causarem algum dano, algum atentado, deixo nas mãos de vocês fazerem o que tiverem que fazer para repor a justiça e a paz na Venezuela. Ativem a fúria bolivariana!", lançou Maduro, repetindo um lema que ele propôs na semana passada para combater "tentativas terroristas".

"Nada vai me deter. Vou continuar nas ruas, vou continuar na batalha, vou continuar protegendo vocês e, para que sintam arder, vou continuar governando este país com o apoio do povo venezuelano", continuou Maduro, que não confirmou sua aspiração à reeleição, embora pareça ser o candidato natural do chavismo.

- "Tem medo das eleições" -

A líder opositora María Corina Machado, que deseja ser candidata nas presidenciais apesar de estar politicamente impedida, denunciou mais cedo intimidação contra sua campanha depois que sedes de seu partido, o Vente Venezuela, foram vandalizadas com a frase "Fúria Bolivariana".

Dois ativistas dessa organização também foram presos.

Um ato de Machado pelo 66º aniversário da queda da ditadura de Pérez Jiménez, que também serviria para apresentar uma aliança em torno de sua candidatura foi deslocado pela marcha chavista que passou por essa área.

A dirigente falou a alguns quarteirões em cima de um caminhão ante centenas de seguidores.

"Falam de eleições, mas têm medo de eleições", disse. "Sabem que não têm o voto e se escondem atrás da ameaça, da perseguição, da mentira, da sentença pré-fabricada para tentar nos aniquilar, nos calar ou desviar", acrescentou.

As eleições serão realizadas no segundo semestre do ano, após um acordo entre o governo e a oposição em uma negociação mediada pela Noruega. Os Estados Unidos, protagonistas do processo, pressionaram para criar um mecanismo de impugnação das inabilitações que impedem vários líderes opositores de se candidatarem, ao qual Machado aderiu apesar de não reconhecer a sanção contra ela.

"É preciso uma mudança urgente, o país está um desastre", disse à AFP Miguel Remolina, professor aposentado de 52 anos no evento de Machado. Ele carregava um cartaz que dizia "Falta pouco, MCM", as siglas da líder.

- "Defendendo Nicolás!" -

A mobilização desta terça-feira foi convocada pelo poderoso líder chavista Diosdado Cabello, vice-presidente do PSUV. "É para lembrar 23 de janeiro, mas também em repúdio ao golpismo, ao terrorismo, à violência".

Sob um sol escaldante, protegidos por guarda-chuvas, bonés e chapéus, os militantes percorreram uma importante avenida de Caracas em direção ao centro, onde Maduro discursou.

"Aqui, aqui, o povo defendendo Nicolás!", gritavam os manifestantes ao ritmo de tambores, samba, salsa e merengue.

"A revolução me ajudou, me apoiou com uma cozinha, um telefone, os bônus, espero que venham outros benefícios", disse à AFP Miguelina Hernández, de 64 anos, que dançava.

"Graças a Deus e a Chávez, e agora ao presidente Nicolás Maduro, nós tivemos representação", afirmou Daniela González, de 29 anos, representante do povo indígena wayú. "Podemos dizer que fomos incluídos. Estamos agradecidos e é por isso que saímos à rua".

P.Renard--JdB