Journal De Bruxelles - Da Ucrânia ao Oriente Médio, conflitos ativos no ano dos Jogos de 2024

Da Ucrânia ao Oriente Médio, conflitos ativos no ano dos Jogos de 2024
Da Ucrânia ao Oriente Médio, conflitos ativos no ano dos Jogos de 2024 / foto: Andrej ISAKOVIC - AFP

Da Ucrânia ao Oriente Médio, conflitos ativos no ano dos Jogos de 2024

Depois de dois eventos olímpicos sob a bolha sanitária - sem público em Tóquio 2021 e sem estrangeiros em Pequim 2022, na edição de inverno - os Jogos de Paris 2024 prometem "reunir o mundo" para uma grande festa pacífica, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI).

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Mas entre Ucrânia e Oriente Médio, os acontecimentos internacionais contradizem essa ambição, com circunstâncias diversas em cada conflito, que colocam em evidência a relação entre a política e as organizações esportivas.

- Ucrânia: dois anos aparando arestas -

Marcados pelo boicote diplomático dos Estados Unidos e vários aliados devido às acusações de genocídio sobre a minoria uigur por parte do governo chinês, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 terminaram e logo depois se instalou um ambiente de tensão e carregado de polêmicas, quando a Rússia invadiu a Ucrânia com o apoio de Belarus em 24 de fevereiro daquele ano.

Para o COI, manter-se fiel a suas promessas de não entrar na política foi uma tarefa quase impossível: a indignação na Europa não demorou a se expandir para o mundo dos esportes, enquanto a hostilidades contra os russos ameaçava desorganizar as competições.

Punir Rússia e Belarus pela violação da trégua olímpica não representou uma distensão: há cerca de dois anos, os hinos bandeiras e representantes oficiais dos dois países estão proibidos em competições oficiais.

Mas o que fazer com os atletas, que não decidiram participar da invasão e, em tese, estão protegidos pela "não discriminação" que reza na carta olímpica? O COI os excluiu em um primeiro momento do esporte mundial para a sua própria segurança, uma medida inédita, tomada antes de preparar terreno para o retorno progressivo a partir de março do ano passado e depois de autorizar, em dezembro, sua presença nos Jogos.

Mas com uma série de condições: russos e bielorrussos vão participar sob bandeira neutra, apenas em competições individuais, e passarão por uma dupla inspeção. As federações afetadas e o COI deverão estabelecer que os atletas "não apoiaram ativamente a guerra na Ucrânia" e que não estão sob contrato com o Exército ou as agências de segurança.

Embora exija há algum tempo uma exclusão pura e simples dos russos, a Ucrânia desistiu em meados de 2023 de suas ameaças de boicote aos Jogos, livrando o COI de uma perspectiva catastrófica.

Sendo assim, a coexistência das delegações pode ser uma realidade, embora muito limitada: "Os russos estarão em pouco número e muito pouco visíveis, principalmente porque uma parte deles pode se recusar a vir", Jean-Loup Chappelet, especialista em olimpismo na universidade de Lausanne.

- Israel-Gaza: apenas questão de segurança? -

Depois da extrema violência do ataque perpetrado pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023, e após os bombardeios israelenses sobre Gaza, o COI fez um pedido de "paz" e enalteceu sua "solução de dois Estados", já que os Comitês Olímpicos Nacionais (CNO) israelense e palestino coexistem desde 1995, lembrou no final de novembro seu presidente, Thomas Bach.

Ao contrário do que ocorreu na invasão à Ucrânia, o COI pode se permitir permanecer "na expectativa" diante de um eventual fim das hostilidades até o meio do ano, estima Jean-Loup Chappelet: "Nem os palestinos, nem os Estados árabes surgiram com a ideia de boicotar as competições", abstendo-se de pressionar as autoridades, observa o especialista.

Até agora, esse conflito impõe mais questões logísticas do que políticas ao mundo dos esportes: os jogos internacionais de futebol previstos em Israel foram realocados e a segurança dos atletas israelenses é um desafio a mais para os organizadores dos Jogos de Paris 2024.

"É um aspecto que compete às autoridades locais", lembrou o porta-voz de Thomas Bach, abstendo-se de fazer mais comentários.

Mas tudo pode mudar caso a ofensiva israelense continue. Na semana passada, o CNO palestino anunciou a morte do técnico do time olímpico de futebol, Hani Al-Masdar, vítima dos bombardeios, que também tiveram como alvo o Alto Conselho para a Juventude e o Esporte, a federação de futebol e o comitê olímpico, denunciando os ataques de Israel contra o movimento esportivo, que "violam a carta olímpica".

Paralelamente, a Federação Internacional de Hóquei no gelo fez uma série de anúncios contraditórios no espaço de uma semana, excluindo em um primeiro momento os israelenses de suas competições para "garantir a segurança de todos os participantes", antes de limitar a medida ao Mundial sub-20 na Bulgária, e depois admitir novamente a equipe de Israel.

K.Laurent--JdB