Dois suspeitos de matar promotor antimáfia são detidos no Equador
A polícia do Equador, deteve nesta quinta-feira (18), dois suspeitos do assassinato, na véspera, de um promotor antimáfia, em meio a uma guerra do país contra o narcotráfico, com milhares de militares mobilizados.
"Detivemos 2 supostos envolvidos no assassinato do promotor César Suárez, em #GYE (Guayaquil), após diligências investigativas que permitiram identificar a suposta participação no crime", disse o comandante da polícia, general César Zapata, na rede social X.
O promotor foi morto a tiros na quarta-feira enquanto circulava em seu veículo por um bairro do porto de Guayaquil. Suárez investigava o ataque armado a um canal de televisão em 9 de janeiro, parte de uma escalada sangrenta de violência por parte de organizações do tráfico de drogas ligadas a cartéis internacionais.
Em resposta à investida do tráfico, as forças de segurança realizam operações espetaculares nas prisões e nas ruas, enquanto um toque de recolher noturno está em vigor.
Durante a prisão dos suspeitos, foram encontrados fuzis, pistolas, munições, uniformes da agência de trânsito em Guayaquil e outras roupas, de acordo com fotos da captura.
O general da polícia Víctor Herrera explicou que Suárez "não tinha escolta policial permanente", apesar da violência crescente em um país que, até alguns anos atrás, era tranquilo.
No local do crime, foram encontrados 18 indícios de disparos. As autoridades acreditam que no carro de onde saíram os tiros viajavam três pessoas: o motorista e dois homens armados.
"Diante do assassinato do nosso colega César Suárez [...], serei enfática: os grupos de crime organizado, os criminosos, os terroristas não deterão nosso compromisso com a sociedade equatoriana", afirmou na quarta-feira a procuradora-geral Diana Salazar, em um vídeo publicado no X.
- Prisões na mira -
A tomada do canal de televisão ao vivo, entre outros ataques que deixaram cerca de 20 mortos, levou o presidente Daniel Noboa a declarar um "conflito armado interno" para "neutralizar" por volta de 20 facções.
Há quase duas semanas, policiais e militares patrulham o país em busca de armas, drogas e explosivos.
Nesta quinta-feira, centenas de agentes entraram em uma cadeia em Quito e em uma prisão do complexo penitenciário de Guayaquil, de onde escapou "Fito", o chefe de uma das maiores e mais temidas facções do narcotráfico. Sua fuga foi confirmada em 8 de janeiro e seguida por um recrudescimento da violência no Equador.
Os agentes estão "controlando o perímetro externo e interno do centro penitenciário", informaram as Forças Armadas pelo X. Repórteres da AFP observaram tanques e esquadrões fortemente armados nos arredores da prisão.
As Forças Armadas também postaram fotos de presos de cueca, com as mãos amarradas e deitados de bruços em um pátio. Essas imagens têm se tornado comuns no país, em meio à vigilância de organizações de direitos humanos para garantir o respeito aos direitos fundamentais dos detentos.
Entre 9 e 18 de janeiro, forças policiais e militares realizaram mais de 23 mil operações e prenderam 2.174 pessoas, das quais 158 são acusadas de "terrorismo", segundo as Forças Armadas. Também apreenderam cerca de seis toneladas de drogas.
Enquanto isso, a desinformação se multiplica e se instala em um país em pânico. Diante dos rumores nas redes sociais sobre um suposto plano de envenenamento das tropas, os militares intensificaram os cuidados no consumo de alimentos, indica um boletim.
- Escalada da violência -
Semanas antes do ataque violento, Salazar revelou os vínculos entre as gangues e os mais altos níveis de poder.
"O país tem que estar preparado (…). A resposta a esta operação será uma escalada da violência", disse então Salazar.
O promotor Suárez liderou investigações que revelaram a infiltração de máfias no sistema judicial e escândalos de corrupção na compra de material médico durante a pandemia de covid-19.
Após o assassinato de Suárez, o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, expressou o "forte compromisso do governo nacional em apoiar a administração da justiça".
A procuradora-geral também relatou ameaças de morte contra ela por parte de um dos líderes da gangue Los Lobos, que fugiu da prisão em meio aos tumultos ocorridos nas prisões na semana passada.
A.Parmentier--JdB