Journal De Bruxelles - Congresso britânico aprova projeto de premiê de enviar migrantes para Ruanda

Congresso britânico aprova projeto de premiê de enviar migrantes para Ruanda
Congresso britânico aprova projeto de premiê de enviar migrantes para Ruanda / foto: JESSICA TAYLOR - UK PARLIAMENT/AFP

Congresso britânico aprova projeto de premiê de enviar migrantes para Ruanda

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, passou no teste que punha em risco sua liderança frente a uma corrente dissidente do partido conservador, após a aprovação, nesta quarta-feira (17) de seu projeto de lei para enviar migrantes a Ruanda na Câmara dos Comuns.

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Apesar da ameaça dos deputados rebeldes dentro de seu partido, a Câmara baixa do Parlamento britânico aprovou o texto por 320 votos a favor e 276 contra, e agora o projeto segue para a Câmara dos Lordes para uma segunda apreciação.

Depois da demissão de dois vice-presidentes de seu partido na terça-feira, em discordância com seu projeto e apesar de a corrente rebelde contar com cerca de 60 deputados contrários à proposta entre os 349 conservadores do Parlamento, os dissidentes não votaram contra e o projeto de lei seguiu seu caminho.

Sunak, no poder desde outubro de 2022, tem como uma de suas prioridades a redução da imigração e este plano para deportar para Ruanda estrangeiros que chegaram irregularmente ao Reino Unido é uma importante cartada eleitoral.

- Eleições no horizonte -

Se o projeto de lei não tivesse avançado, a liderança de Sunak dentro do partido teria ficado em xeque, em um ano de eleições legislativas e com os conservadores sem conseguir aproximar posições com os trabalhistas, cujo líder, Keir Starmer, é apontado como vencedor por ampla margem nas pesquisas.

Após sua aprovação inicial em dezembro, o projeto de lei foi examinado durante dois dias - terça e quarta-feira - na Câmara dos Comuns.

Os cerca de 60 deputados conservadores rebeldes queriam introduzir emendas por considerarem que o texto de expulsão dos migrantes irregulares não ia longe o suficiente.

Este projeto de lei pretende responder às objeções da Suprema Corte britânica, que o considerou ilegal em sua versão anterior.

Sunak faz malabarismos nos últimos meses para manter ao seu lado a ala à direita do partido, sem perder o apoio dos moderados.

Dois vice-presidentes do partido conservador, Lee Anderson e Brendan Clarke-Smith, se demitiram na terça, um dia depois de terem anunciado seu apoio às emendas defendidas pelos rebeldes.

- Boris Johnson se une aos rebeldes -

A eles se uniu o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, que não é deputado e não pôde votar nesta quarta, mas demonstrou apoio aos dissidentes.

O projeto de lei deverá agora ser aprovado pelos membros da Câmara dos Lordes (alta), que não ocupam cargos eletivos e onde o governo não dispõe de maioria.

Uma vez superadas as eventuais alterações introduzidas pelos Lordes, o projeto provavelmente enfrentará novos recursos judiciais de organismos contrários ao projeto de lei.

Após ser anunciado, em abril de 2022, pelo governo de Boris Johnson, o projeto foi bloqueado primeiro pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos e depois pela justiça britânica, que o consideraram ilegal.

Tentando salvar o plano, o novo texto define Ruanda como um país seguro e proíbe que os migrantes sejam expulsos dali para seus países de origem.

O novo texto propõe que não sejam aplicados certos pontos da lei britânica de direitos humanos para limitar os recursos legais.

U.Dumont--JdB