Iraque denuncia 'agressão' após ataque com mísseis iranianos em seu território
O Iraque descreveu, nesta terça-feira (16), o ataque com mísseis do Irã na região autônoma do Curdistão como uma "agressão", em um contexto de tensão regional pela guerra entre Israel e o Hamas.
Segundo fontes curdas, os ataques mataram quatro civis no norte do Iraque.
De acordo com a agência oficial de notícias iraniana Irna, os mísseis destruíram um quartel-general nos arredores de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, onde supostamente operavam os serviços de inteligência israelenses.
O ataque foi realizado pela Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, segundo a agência, para destruir um quartel-general "dos espiões do regime sionista", o Mossad, no Curdistão iraquiano.
O Ministério iraquiano das Relações Exteriores condenou "uma agressão dirigida à soberania do Iraque e à segurança do seu povo", convocou o encarregado de negócios iraniano para entregar uma "carta de protesto" e convocou seu embaixador em Teerã para consultas.
O governo também ordenou uma investigação para demonstrar "a falsidade das acusações", segundo a diplomacia iraquiana.
O Iraque vive imerso em tensões regionais e, embora seja um importante aliado do Irã, é também um parceiro dos Estados Unidos. Além disso, vários grupos armados pró-Irã realizam ataques contra soldados americanos destacados em território iraquiano e na Síria.
- Represálias -
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, disse que os ataques foram "imprecisos" e que nenhum funcionário de qualquer instalação dos Estados Unidos foi afetado.
O Irã garantiu, pelo contrário, que a operação foi "precisa e específica" e que tinha como alvo os quartéis-generais dos "criminosos (...), com o uso de armas de precisão".
Entre os quatro civis mortos, segundo as autoridades de Erbil, estão o magnata do setor imobiliário Peshraw Dizayee, sua esposa e outros membros de sua família, que morreram na sua casa.
A agência iraniana Irna indicou que a ação é uma retaliação pelos recentes ataques atribuídos a Israel e que a Guarda Revolucionária "continuará até que a última gota de sangue dos mártires seja vingada".
Em 2 de janeiro, um bombardeio em Beirute matou o número dois do Hamas, Saleh Al-Aruri, e outros seis líderes do movimento. Poucos dias depois, Wissam Tawil, um alto oficial militar libanês do Hezbollah, também morreu em outro ataque no Líbano.
Em dezembro, o Irã acusou Israel de eliminar na Síria o general de Brigada Razi Mousavi, um alto comandante da Força Quds, a unidade de elite e responsável pelas operações da Guarda Revolucionária no exterior.
O Curdistão iraquiano nega qualquer relação com Israel e, nesta terça-feira, várias centenas de pessoas se manifestaram em Erbil com bandeiras da região autônoma para rejeitar os ataques com mísseis.
"Apelamos às Nações Unidas e às principais nações para que defendam os direitos humanos e trabalhem para impedir estes ataques. Até quando continuarão?", disse Kamal Ali, um manifestante.
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R.Michel--JdB