EUA autoriza primeiro fundo ETF associado ao bitcoin na bolsa
A comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, conhecida pela sigla SEC, autorizou, nesta quarta-feira (10), o primeiro fundo de investimento associado ao bitcoin, uma decisão considerada uma etapa fundamental para a adoção das criptomoedas.
O produto, conhecido como ETF (Exchange Traded Fund) no jargão da bolsa, é um fundo que reúne valores associados ao universo do bitcoin, e cuja performance, portanto, está vinculada à evolução da criptomoeda. Isso permite aos investidores lucrar com a criptodivisa sem comprá-la diretamente.
Por sua vez, os fundos propriamente ditos estão sim posicionados em criptomoedas.
Lançado no início dos anos 1990, os ETFs decolaram no início deste século. Por sua simplicidade, permitem seguir a evolução de ativos como o ouro, o petróleo, um índice da bolsa ou um setor industrial específico.
Segundo um relatório da consultoria OliverWyman, cerca de 6,7 bilhões de dólares (cerca de R$ 32 bilhões na cotação atual) estavam alocados em ETFs no final de 2022.
Nesta quarta-feira, a SEC autorizou 11 firmas diferentes a lançarem seu próprio ETF, entre elas grandes nomes de Wall Street como Fidelity e BlackRock, segundo o documento publicado no site do órgão regulador.
O mercado já tinha dado um primeiro passo em matéria de investimentos em criptomoedas na bolsa em outubro de 2021, com a cotação de um primeiro ETF que investia em contratos futuros de bitcoin.
Há várias semanas o mercado vinha especulando sobre este novo instrumento, o que acentuou a volatilidade do bitcoin, que tem variações bruscas de valor por si só.
Na terça-feira, a principal criptomoeda do mundo alcançou seu valor mais alto em 22 meses, para 47.914 dólares por unidade, depois do que acabou sendo uma publicação falsa atribuída à SEC na rede social X, que anunciava a aprovação de ETFs em bitcoins.
Pouco depois a SEC indicou que seu perfil na rede social tinha sido hackeado.
Este passo dos reguladores acontece depois que, no fim de outubro, um tribunal federal de apelações de Washington confirmou que a SEC não podia negar ao gestor de ativos Grayscale a aprovação de seu fundo indexado ao bitcoin.
"A existência de um marco regulatório" para estes instrumentos de investimento "dará credibilidade institucional aos ativos digitais", resumiu Thomas Tang, vice-presidente da firma de investimentos Ryze Labs.
Muitos dos grandes nomes de Wall Street, porém, são críticos deste tipo de ativos.
"A única utilidade verdadeira" das criptomoedas é que beneficiam "os criminosos, os traficantes de drogas" para "a lavagem [de dinheiro], a fraude fiscal", disse, no início de dezembro, Jamie Dimon, presidente do maior banco do mundo, o JPMorgan Chase.
W.Dupont--JdB