Blinken chega a Israel em nova viagem para evitar propagação de conflito em Gaza
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou a Israel nesta segunda-feira (8) para tentar desescalar o conflito em Gaza e evitar que este se espalhe para o Líbano, onde, segundo uma fonte de segurança, um ataque israelense matou um líder militar do Hezbollah.
Blinken pousou em Tel Aviv, onde conversará na terça com autoridades israelenses para falar do futuro da Faixa de Gaza e em particular do "imperativo absoluto" de evitar a morte de civis no território palestino.
O secretário de Estado americano, que chegou a Israel vindo da Arábia Saudita, uma das escalas de sua visita regional, quer pressionar o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apoiando-se em conversas mantidas em várias capitais árabes durante sua viagem.
Sua visita ocorre depois da morte do chefe militar do Hezbollah em um ataque israelense. O dirigente "desempenhava um papel de primeiro plano na direção das operações militares no sul" do território, onde trocas de tiros entre o movimento libanês pró-Irã e o Exército israelense são quase diárias, acrescentou uma fonte israelense, que pediu anonimato.
Segundo o Hezbollah, trata-se do "comandante Wisam Hasan Tawil". É o responsável militar do Hezbollah de mais alto escalão que morre desde que este poderoso movimento abriu um front com Israel em apoio ao Hamas palestino.
Ele foi atacado na cidade de Kherbet Selm, a uma dezena de quilômetros da fronteira com Israel, enquanto dirigia o seu veículo, segundo a fonte de segurança.
As tensões crescentes na região alimentam receios de uma conflagração regional, à medida que a guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas em Gaza entra no seu quarto mês.
No domingo, Blinken alertou que o conflito "poderia facilmente se espalhar", mas acrescentou que seu país trabalha para "evitar" que a guerra "se espalhe" pela região.
Na Arábia Saudita, ele se reuniu com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman. Após passar por Israel, Blinken seguirá na quarta-feira para a Cisjordânia e o Egito.
Segundo altos funcionários americanos, o secretário de Estado quer evitar a todo custo que o Líbano seja arrastado para a guerra, convencer Israel a entrar em uma nova fase militar menos mortífera e a iniciar um diálogo "difícil" no pós-guerra.
Israel prometeu destruir o grupo islamista palestino Hamas depois do ataque realizado em seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.
O Hamas também fez 250 reféns, dos quais cerca de 132 permanecem cativos em Gaza. O movimento palestino Jihad Islâmica divulgou um vídeo nesta segunda-feira que mostra, segundo o grupo, um refém israelense com vida em Gaza.
A ofensiva que Israel lançou na Faixa de Gaza em retaliação ao ataque do grupo islamista palestino deixou até agora 23.084 mortos, a grande maioria deles crianças e mulheres, segundo dados desta segunda-feira do Ministério da Saúde do Hamas, que governa esse pequeno território palestino.
Os bombardeios também deixaram vários bairros de Gaza em ruínas, deslocaram 85% da população e causaram uma crise humanitária de níveis catastróficos, segundo a ONU.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que teve que cancelar, pela quarta vez desde o final de dezembro, a entrega de material médico urgente no norte do território palestino, devido à falta de garantias de segurança.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta segunda-feira que "trabalha" para que Israel reduza sua presença em Gaza.
- "Nenhum lugar seguro" -
Segundo o governo do Hamas, as operações israelenses mataram 249 pessoas e feriram 99 nas últimas 24 horas no centro de Gaza.
O Exército israelense anunciou ataques a Khan Yunis, principal cidade do sul do território sitiado, nos quais morreram "dez terroristas que se preparavam para lançar foguetes contra Israel".
Nesta segunda-feira, um ataque em Rafah, no extremo sul de Gaza, também destruiu um veículo do qual equipes de resgate e moradores retiravam corpos, segundo a AFPTV.
Centenas de milhares de habitantes migraram para Rafah para fugir dos combates que ocorrem mais ao norte.
Dois jornalistas que trabalhavam para o canal Al Jazeera, Mustafa Thuria e Hamza Wael Dahdouh, foram mortos no domingo em um ataque ao seu veículo em Rafah. Um terceiro jornalista que estava com eles, Hazem Rajab, está gravemente ferido.
O Exército israelense assumiu a responsabilidade pelo ataque, dizendo à AFP que se destinava a "um terrorista que pilotava um dispositivo voador que representava uma ameaça para as tropas" e que estava "ciente de informações segundo as quais dois outros suspeitos que viajavam no mesmo veículo também foram atingidos durante o ataque".
Estas mortes elevam para pelo menos 79 o número de jornalistas e profissionais da imprensa, na sua maioria palestinos, mortos desde 7 de outubro, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
A ONU, "muito preocupada" com o alto número de jornalistas mortos em Gaza, pediu que estes fatos sejam "objeto de uma investigação exaustiva e independente".
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B.A.Bauwens--JdB