Journal De Bruxelles - Biden acusa Trump de usar a retórica nazista

Biden acusa Trump de usar a retórica nazista
Biden acusa Trump de usar a retórica nazista / foto: CHIP SOMODEVILLA - GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Biden acusa Trump de usar a retórica nazista

Joe Biden acusou, nesta sexta-feira (5), Donald Trump de utilizar a linguagem da Alemanha nazista e de representar uma ameaça à democracia, em um comício com o qual espera impulsionar sua campanha para as eleições presidenciais de novembro.

Tamanho do texto:

Trump, favorito à indicação republicana para as eleições presidenciais, afirmou em vários comícios que os migrantes que entram ilegalmente "estão envenenando o sangue" do país, o que lhe rendeu comparações com Adolf Hitler e o fascismo.

A Casa Branca condenou o ex-presidente diversas vezes por essas declarações. Contudo, nesta sexta-feira, Biden deu um passo adiante, repreendendo-o em um discurso importante em que se mostrou combativo.

"Ele fala do sangue dos americanos que está envenenado, ecoando exatamente a mesma linguagem usada na Alemanha nazista", afirmou no estado da Pensilvânia.

O magnata "postou com orgulho nas redes sociais as palavras que melhor definem sua campanha de 2024", ou seja, "vingança", "poder", "ditadura", acrescentou. "Não há confusão sobre quem é Trump e o que ele pretende fazer".

O ex-presidente republicano "está disposto a sacrificar nossa democracia e assumir o poder" com uma campanha "obcecada com o passado, não com o futuro", disse o democrata de 81 anos.

Biden escolheu um local simbólico para seu discurso perto de Valley Forge, onde George Washington reagrupou as forças americanas durante a guerra de independência, há quase 250 anos.

- "Violência política" -

Lá, o presidente democrata afirmou que Trump não conseguiu evitar o ataque de uma multidão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e acusou o magnata e seus apoiadores de continuarem abraçando a "violência política" antes das eleições de 2024.

Trump foi absolvido em dois julgamentos políticos por seu suposto papel no ataque ao Capitólio, um assunto polêmico nos Estados Unidos: um quarto dos americanos acredita, sem provas, que o FBI estava por trás da insurreição, segundo uma pesquisa do Washington Post e da Universidade de Maryland publicada esta semana.

"Quatro anos mais!", gritaram os simpatizantes do democrata, que está atrás ou lado a lado com Trump nas pesquisas.

Seu discurso mostra que Biden encara a corrida presidencial como uma eleição direta entre ele e Trump, apesar de as primárias para escolher o candidato republicano começarem em 15 de janeiro e durarem meses.

Trump, de 77 anos, agora enfrenta várias acusações criminais por supostamente tentar alterar os resultados das eleições de 2020, nas quais foi derrotado por Biden.

Os estados americanos do Colorado e Maine o proibiram de concorrer nas primárias republicanas porque consideram que ele participou de "uma insurreição ou rebelião", mas ele desafiou ambas as decisões nos tribunais.

Seu porta-voz, Steven Cheung, contra-atacou imediatamente ao discurso do presidente democrata.

"Biden é a verdadeira ameaça à democracia ao transformar o governo em uma arma para perseguir seu principal oponente político e interferir nas eleições de 2024", afirmou.

Em Valley Forge, onde Washington reuniu as forças americanas que lutaram contra os britânicos durante o rigoroso inverno de 1777-78, Biden fez uma oferenda floral.

Seu discurso estava programado para sábado, mas foi antecipado em um dia devido a uma tempestade de inverno iminente.

O esforço para impulsionar a cambaleante campanha de Biden continuará na segunda-feira com uma visita a uma igreja na Carolina do Sul, onde um supremacista branco matou a tiros nove fiéis negros em 2015.

Alguns democratas criticaram Biden por demorar a iniciar a campanha.

O presidente não conseguiu convencer os eleitores de que a economia está melhorando. Apesar do crescimento inesperado do emprego em dezembro, ele reconheceu nesta sexta-feira em um comunicado que "alguns preços ainda estão muito altos para muitos americanos".

Ele enfrenta outros obstáculos, como a imigração, a divisão em seu partido por seu apoio à guerra de Israel contra o movimento islamista palestino Hamas, ou o bloqueio no Congresso à sua solicitação de mais fundos para a Ucrânia.

Mas talvez a maior vulnerabilidade de Biden seja sua idade, especialmente após uma série de quedas e gafes.

P.Renard--JdB