Journal De Bruxelles - Republicanos prosseguem com processo de impeachment contra Mayorkas por crise migratória nos EUA

Republicanos prosseguem com processo de impeachment contra Mayorkas por crise migratória nos EUA
Republicanos prosseguem com processo de impeachment contra Mayorkas por crise migratória nos EUA / foto: ALEX WONG - GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/Arquivos

Republicanos prosseguem com processo de impeachment contra Mayorkas por crise migratória nos EUA

Os republicanos decidiram, nesta quarta-feira (3), prosseguir com o processo de impeachment contra o secretário americano de Segurança Interior, Alejandro Mayorkas, pela crise migratória na fronteira com o México, um tema chave na campanha com vistas às eleições presidenciais nos Estados Unidos.

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Em dezembro, as autoridades americanas interceptaram diariamente cerca de 10.000 migrantes que cruzaram ilegalmente a fronteira a partir do México, o que os republicanos consideram um desastre humanitário.

Desta maneira, os conservadores atrelaram a aprovação de um pacote de ajuda à Ucrânia a um endurecimento da política para frear a migração.

No momento, a Casa Branca não chegou a um acordo com os congressitas dos dois partidos sobre essas discussões, centradas em endurecer as regras para os solicitantes de asilo e ampliar as deportações aceleradas, mas as duas partes esperam ter uma proposta pronta para a semana que vem.

Para um impeachment, é necessário a realização de uma investigação. Em seguida, a Câmara dos Representantes debate sobre ela em uma ou em várias sessões e decide se vota, por maioria simples, os artigos de acusação com o detalhamento dos possíveis crimes.

Nesse caso, a investigação foi concluída em dezembro e nela se acusa Mayorkas de criar uma emergência de segurança nacional.

"Nossa investigação deixou claro que a base dessa crise é a tomada de decisões do secretário Mayorkas e sua negativa de fazer cumprir as leis aprovadas pelo Congresso", estimou o presidente do comitê de segurança nacional da Câmara dos Representantes, Mark Green, em um comunicado.

Mayorkas seria o primeiro membro do gabinete do governo a ser submetido a um processo de impeachment desde o secretário da guerra William Belknap em 1876.

Para sua aprovação, é necessário que uma maioria da Câmara dos Representantes, na qual os republicanos têm uma estreita maioria, vote que ele cometeu "crimes e faltas graves".

Mesmo no caso de uma acusação firme, o Senado deve se pronunciar e é altamente provável que Mayorkas seja absolvido, porque o Partido Democrata do presidente Joe Biden tem maioria na Câmara Alta do Congresso.

O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, tentou acirrar os ânimos levando, nesta quarta-feira, cerca de 60 congressistas à cidade fronteiriça de Eagle Pass, no Texas, para visitar instalações da patrulha fronteiriça e falar com os moradores.

- Ponto fraco de Biden -

De todos os modos, o processo seguirá sendo uma dor de cabeça em um ano eleitoral para o presidente Biden, cujo índice de popularidade vem caindo durante os últimos meses.

Apenas 38% das pessoas entrevistadas pela Harvard CAPS-Harris em dezembro aprova sua gestão migratória, frente aos 46% do mês anterior.

Na terça-feira, a patrulha da fronteira informou ter interceptado, em dezembro, um recorde de 302.000 migrantes.

O Departamento de Segurança Nacional (DHS) acusa os republicanos de "desperdiçar tempo valioso e dinheiro dos contribuintes" em um "exercício político".

"Não há nenhuma base válida para fazer um impeachment do secretário Mayorkas (...) e esse impulso extremo para o impeachment é uma distração nociva para as nossas prioridades críticas de segurança nacional", declarou à AFP a porta-voz do DHS, Mia Ehrenberg, em um comunicado.

Mas a crise migratória pode ter um preço eleitoral e Biden sabe disso, o que explica uma visita incomum de seu chefe da diplomacia, Antony Blinken, ao México na semana do Natal com o objetivo de frear a migração.

A nível doméstico os problemas também se amontoam.

O governador do Texas, Greg Abbott, um republicano linha dura, segue desafiando Biden enviando milhares de migrantes a cidades do norte governadas pelos democratas.

Os prefeitos de Nova York, Denver e Chicago têm pressionado o presidente para que aumente o envio de recursos federais, porque afirmam ter chegado a um ponto crítico.

J.M.Gillet--JdB