Partido herdeiro de braço político do ETA governa em Pamplona graças aos socialistas
O partido da esquerda radical EH Bildu, considerado herdeiro do braço político da extinta organização armada basca ETA, assumiu nesta quinta-feira (28) a Prefeitura de Pamplona (norte da Espanha), graças ao apoio dos socialistas.
O ocorrido, aparentemente um fato local, desencadeou a fúria da direita em todo o país, evidenciando a alta polarização política na Espanha.
Os vereadores do Partido Socialista (PSOE) deram seu apoio à esquerda, o que permitiu a aprovação de uma moção de censura que retirou do poder a prefeita Cristina Ibarrola, da União do Povo Navarro (UPN, direita), substituída por Joseba Asirón, da EH Bildu.
A batalha pelo controle de Pamplona, cidade navarra conhecida pelas famosas festas de San Fermín, repercutiu nacionalmente, um mês depois de o socialista Pedro Sánchez ter sido reeleito presidente do Governo espanhol, apoiado pela esquerda radical e por vários partidos regionais, incluindo EH Bildu.
"Esta moção de censura é o pacto encapuzado do [líder do Bildu Arnaldo] Otegi e de Sánchez", denunciou de Madri o líder da oposição de direita, Alberto Núñez Feijóo, em referência aos capuzes usados pelos comandos da ETA.
"Sánchez tirou o PSOE do constitucionalismo, do senso comum e da dignidade, Sánchez escolheu acabar o ano brindando com Bildu", continuou Feijóo.
O EH Bildu é criticado por não condenar abertamente os crimes cometidos durante décadas pelo ETA, responsável por mais de 850 mortes em sua luta pela independência do País Basco e de Navarra. Mantém, inclusive, ex-membros da antiga organização em suas fileiras, como Arnaldo Otegi.
A ETA anunciou o abandono à luta armada em 2011 e foi dissolvida em 2018.
Após as eleições locais e regionais de maio, a bancada navarra dos socialistas anunciou que não apoiaria o EH Bildu e permitiu a eleição de Cristina Ibarrola como prefeita.
Mas os socialistas mudaram de posição e permitiram agora que EH Bildu chegasse ao poder, o que irritou a direita, que tem sido muito crítica da reeleição de Sánchez, graças em parte aos votos dos independentistas catalães.
M.Kohnen--JdB