Israel continua ofensiva militar implacável contra Hamas em Gaza
O número de mortos na Faixa de Gaza devido à ofensiva israelense contra o Hamas ultrapassou os 21.100, com 195 mortos nas últimas 24 horas, informou, nesta quarta-feira (27), o Ministério da Saúde do movimento islamista no poder no território palestino.
Israel continuou atacando o território após o chefe de Estado-Maior do Exército, Herzi Halevi, alertar na terça-feira que a guerra contra o Hamas vai durar "muitos meses mais".
A Organização Mundial da Saúde (OMS) insistiu nesta quarta-feira que os habitantes de Gaza estão em "grave perigo" após mais de 11 semanas de guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Naquele dia, comandos islamistas invadiram o sul do território e mataram 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
No ataque, o Hamas também capturou cerca de 250 pessoas, das quais 129 ainda estão em cativeiro em Gaza, segundo Israel.
A resposta de Israel veio através de uma implacável campanha de bombardeios e uma invasão terrestre. A ofensiva militar deixou pelo menos 21.110 mortos, a maioria mulheres e crianças, e 55.243 feridos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
O conflito deixou a maior parte dos hospitais de Gaza fora de serviço, e a população sofre de "fome aguda", alertou a OMS.
A crise humanitária em que Gaza está mergulhada, sob cerco total de Israel desde 9 de outubro, multiplicou os apelos por um cessar-fogo.
Mas as autoridades israelenses, que buscam "aniquilar" o Hamas, permanecem inflexíveis. "Os objetivos desta guerra são essenciais e não fáceis de alcançar", disse Halevi na terça-feira. "Portanto, a guerra continuará por muitos meses mais", sentenciou.
- 'Além de uma catástrofe' -
As explosões continuaram a abalar todo o território palestino, onde os soldados israelenses também travam combates intensos com os islamistas.
Em Khan Yunis, no sul, um bombardeio deixou 22 mortos e 34 feridos perto do hospital Al Amal, segundo o Ministério da Saúde. Em Rafah, também no sul, outro ataque aéreo feriu 11 pessoas. E no norte, os intensos tiroteios ao redor da Cidade de Gaza não deram trégua.
Imagens da AFPTV mostravam palestinos refugiados em uma escola da ONU no campo de Nuseirat, no centro de Gaza, fugindo para o sul para evitar os bombardeios.
Os deslocados "não sabem para onde ir", afirmou um deles, que preferiu não se identificar. "Primeiro nos deslocam para Nuseirat, depois para Rafah", continuou.
Cerca de 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, segundo a ONU. O cerco israelense também causou escassez de água, comida, combustível e medicamentos. A ajuda que chega ao território é mínima.
"Pessoas famintas novamente pararam nossos comboios [...] com a esperança de encontrar comida", destacou a OMS em comunicado.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, instou a comunidade internacional a tomar "medidas urgentes para aliviar o grave perigo enfrentado pela população de Gaza".
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, denunciou em uma entrevista televisionada que a guerra vai "além de uma catástrofe e de um genocídio".
"O plano do [primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu é se livrar dos palestinos e da Autoridade Palestina", sediada na Cisjordânia ocupada, declarou.
Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU pediu em uma resolução a entrega de ajuda humanitária com segurança e sem obstáculos.
Mas o texto deixa nas mãos israelenses a supervisão operacional do fornecimento de ajuda a Gaza, onde as telecomunicações estavam sendo restabelecidas nesta quarta-feira após um novo corte na véspera, segundo a operadora palestina Paltel.
- Tensões no Oriente Médio -
A violência se estendeu para a Cisjordânia ocupada, onde uma operação israelense em um campo de refugiados deixou seis mortos nesta quarta-feira (27), segundo o Ministério da Saúde palestino. O Exército israelense indicou que atingiu o campo de Nur Shams do ar.
Mais de 300 palestinos morreram na Cisjordânia pelas mãos de soldados ou colonos israelenses desde o início da guerra, segundo o ministério.
Os impactos da guerra também são sentidos no Oriente Médio, onde grupos armados apoiados pelo Irã e em conflito com Israel, intensificaram suas atividades.
Um bombardeio israelense em uma localidade na fronteira do Líbano matou um combatente do Hezbollah, informou o grupo xiita nesta quarta-feira. A mídia estatal relatou que dois de seus parentes morreram no mesmo ataque.
O Irã, por sua vez, se prepara para o funeral do general Razi Moussavi, comandante de alto escalão da Força Quds, braço de operações no exterior da Guarda Revolucionária, morto na segunda-feira em um bombardeio israelense na Síria.
Teerã prometeu vingar sua morte, e o porta-voz da Guarda Revolucionária, general Ramezan Sharif, alertou para "ações diretas" contra Israel.
Por sua vez, os rebeldes huthis do Iêmen atacaram navios de carga no Mar Vermelho em solidariedade para com o Hamas.
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M.F.Schmitz--JdB