Guatemaltecos fazem peregrinação natalina pela democracia e contra a corrupção
Líderes indígenas e ativistas marcharam na capital da Guatemala em uma peregrinação natalina em repúdio à corrupção e às ações do Ministério Público para anular a votação que elegeu o opositor Bernardo Arévalo para assumir a Presidência em 14 de janeiro.
Passando pelas sedes do MP e da Suprema Corte, no centro da capital, os manifestantes participaram da chamada "Posada por la Democracia", levando um pequeno presépio para lembrar o nascimento de Jesus e tocando maracas e um casco de tartaruga. As "posadas" são celebrações tradicionais que antecedem o dia de Natal.
"Não se deve baixar a guarda, pode-se esperar qualquer coisa desses corruptos", disse à AFP o líder maia Misrahi Xoquic, em frente à Suprema Corte, na noite desta terça-feira. Os manifestantes também entoaram cânticos tradicionais com lemas anticorrupção.
Há mais de um mês, líderes indígenas e outros grupos sociais celebram nos arredores do MP um protesto para exigir a renúncia da procuradora-geral, Consuelo Porras, sancionada pelos Estados Unidos, que a consideram "corrupta" e "antidemocrática", e é acusada de impulsionar investigações com o objetivo de evitar que o social-democrata Arévalo assuma o poder.
Após vencer as eleições, o sociólogo, 65 anos, vem denunciando que o MP realiza um "golpe de Estado" para anular a sua vitória. Em entrevista exclusiva à AFP, Arévalo disse estar convencido de que assumirá o poder em 14 de janeiro, após a Corte de Constitucionalidade ter "bloqueado" o "golpe". Na semana passada, a instância judicial ordenou ao Congresso "garantir" a sua posse.
"Quando tem muita gente desempregada, quando tem muita gente que migra, quando tem muita gente que, de verdade, não irá desfrutar o Natal, mas, por que não irá desfrutar? Pelos corruptos, eles levaram todo o dinheiro e não tiveram coração para dar um pouquinho para o povo", acrescentou na peregrinação a líder indígena Luz Emilia Ulario.
As "Posadas por la Democracia" sairão todos os dias, até a véspera de Natal, da sede do MP até o Congresso, a Corte de Constitucionalidade e a Casa Presidencial.
A.Parmentier--JdB