Journal De Bruxelles - Conselho de Segurança da ONU aprova retirada 'gradual' de missão de paz na RDCongo

Conselho de Segurança da ONU aprova retirada 'gradual' de missão de paz na RDCongo
Conselho de Segurança da ONU aprova retirada 'gradual' de missão de paz na RDCongo / foto: Glody MURHABAZI - AFP

Conselho de Segurança da ONU aprova retirada 'gradual' de missão de paz na RDCongo

O Conselho de Segurança da ONU decidiu, nesta terça-feira (19), iniciar uma retirada antecipada, mas "gradual", das forças de paz instaladas na República Democrática do Congo a partir do final de 2023, conforme exigido pelo governo de Kinshasa.

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A decisão foi adotada por unanimidade, apesar das preocupações com a escalada da violência no leste do país e às vésperas de eleições de alto risco.

A resolução do Conselho, que renova por um ano o mandato da Missão de Manutenção da Paz na República Democrática do Congo (Monusco), determina "iniciar a retirada progressiva, responsável e sustentável" da missão, de acordo com um plano de retirada assinado em novembro entre Kinshasa e a Monusco.

A primeira fase prevê a retirada completa dos chamados Capacetes Azuis da província de Kivu do Sul, no leste do país, até o fim de abril de 2024, começando antes do final deste ano.

No entanto, a resolução enfatizou uma "preocupação com a escalada da violência" no leste e "as tensões entre Ruanda e a República Democrática do Congo".

A partir de maio de 2024, a Monusco estará presente apenas em Kivu do Norte e Ituri. A partir de 1º de julho de 2024, seu contingente será reduzido em cerca de 2.350 efetivos - ou seja, uma força autorizada máxima de cerca de 13.800 militares e policiais.

Os Capacetes Azuis estão presentes na RDC há quase 25 anos.

- Dúvidas e incertezas -

O vencimento do mandato anual da missão coincide com as eleições de alto risco a serem realizadas no país africano. Cerca de 44 milhões de eleitores registrados poderão votar em 20 de dezembro para escolher presidente, deputados nacionais e provinciais, e alguns cargos municipais.

Apesar da situação, o governo congolês tem reiterado há meses o pedido de uma retirada "acelerada" dos Capacetes Azuis a partir do final de 2023 e não de 2024. Considera que a força da ONU é ineficaz para proteger os civis contra os grupos armados e milícias que assolam o leste da República Democrática do Congo há três décadas.

Uma acusação semelhante à de outros países africanos, especialmente Mali, que exigiu a saída urgente da missão da ONU lá ativa (Minusma). Isso, porém, não impediu que Kinshasa pedisse na semana passada ajuda à Monusco para a entrega de material eleitoral.

Vários membros do Conselho, especialmente os Estados Unidos, expressaram dúvidas nos últimos meses sobre se as forças congolesas estão dispostas a substituir a Monusco para garantir a segurança da população.

Mas, como as missões da ONU não podem operar sem a autorização do país anfitrião, a RDC forçou - embora de maneira menos direta do que a junta do Mali - a intervenção do Conselho de Segurança.

"Os membros deste Conselho acompanharão de perto os acontecimentos em um momento em que o Governo da República Democrática do Congo quer assumir toda a responsabilidade pela proteção dos civis com a retirada da Monusco", disse nesta terça-feira o embaixador adjunto dos EUA na ONU, Robert Wood.

G.Lenaerts --JdB