Journal De Bruxelles - Presidente guianês reafirma 'direito' de explorar Essequibo após reunião com venezuelano

Presidente guianês reafirma 'direito' de explorar Essequibo após reunião com venezuelano
Presidente guianês reafirma 'direito' de explorar Essequibo após reunião com venezuelano / foto: Zurimar Campos - Presidencia de Venezuela/AFP

Presidente guianês reafirma 'direito' de explorar Essequibo após reunião com venezuelano

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, insistiu, nesta quinta-feira (14), no direito de seu país de explorar seu "espaço soberano", após uma reunião frente a frente com o contraparte venezuelano, Nicolás Maduro, para desescalar as tensões por causa da antiga controvérsia sobre o Essequibo, território rico em petróleo disputado pelos dois países.

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Os presidentes encerraram com um aperto de mãos uma reunião de cerca de duas horas em São Vicente e Granadinas, promovida pela Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac) e a Comunidade do Caribe (Caricom), com apoio do Brasil.

"A Guiana não é o agressor, a Guiana não está buscando a guerra, a Guiana se reserva o direito de trabalhar com nossos aliados para garantir a defesa do nosso país", afirmou Ali, durante coletiva de imprensa posterior, sem ceder em sua posição sobre a disputa.

"A Guiana tem todo o direito (...) de facilitar qualquer investimento, qualquer sociedade (...), a expedição de qualquer licença e a outorga de qualquer concessão em nosso espaço soberano".

A reunião foi realizada em meio a uma preocupação crescente pelas trocas de declarações cada vez mais ásperas entre os dois presidentes sobre o Essequibo, um território de 160 mil km² rico em petróleo e outros recursos naturais, administrado por Georgetown e reivindicado por Caracas.

Maduro, que ainda não deu nenhuma declaração ao final do encontro - disse que iria à reunião em busca de uma "via de diálogo e negociação" para obter "soluções efetivas".

"Os intermediários provavelmente terão que buscar algo para que Maduro não" saia do encontro "sem nada", disse à AFP Sadio Garavini di Turno, ex-embaixador da Venezuela na Guiana, que considera "factível" uma declaração "na qual se diga que vão baixar a escalada, que vão continuar conversando para baixar as tensões".

Maduro considerou o encontro como "um grande feito" para "abordar de forma direta a controvérsia territorial", mas Ali negou que a disputa estivesse na agenda e insistiu em sua posição de que esta deve ser decidida na Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas não reconhece.

- Petróleo, o pomo da discórdia -

A disputa é centenária, mas o litígio escalou em 2015, depois que a empresa petrolífera americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo bruto na área reivindicada.

A Venezuela acusa a Guiana de dar concessões em águas marítimas ainda a delimitar, e depois de um referendo sobre o território reivindicado, em 3 de dezembro, iniciou um processo para outorgar licenças da estatal PDVSA nas águas disputadas.

A consulta aprovou, ainda, criar uma região uma província da Venezuela e dar a cidadania venezuelana a seus habitantes. Maduro levou um mapa que já inclui o Essequibo como um estado.

A Guiana, que viu a consulta como uma "ameaça", levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e anunciou contatos com "parceiros" militares, como os Estados Unidos, que realizaram exercícios militares no Essequibo.

O Brasil reforçou sua presença militar na fronteira norte.

A habitual retórica anti-imperialista do governo venezuelano acusa Ali de ser "um escravo" da ExxonMobil.

 

Na segunda-feira, o chanceler venezuelano, Yván Gil, aventou, em encontro com a imprensa internacional em Caracas, a possibilidade de que se possa falar de uma "cooperação em petróleo e gás", sem entrar em detalhes.

D.Verstraete--JdB