Venezuela propõe reunião de 'alto nível' com Guiana em meio a tensões
O governo venezuelano propôs, neste sábado (9), uma reunião de "alto nível" com a Guiana em meio às tensões provocadas pela disputa territorial entre os dois países sobre a região do Essequibo, cuja data "será anunciada nos próximos dias", informou a chancelaria em nota.
O presidente Nicolás Maduro manteve "conversas telefônicas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas", Ralph Gonsalves, nas quais fez a "proposta de realizar uma reunião de alto nível com a República Cooperativa da Guiana, que será anunciada nos próximos dias", destaca o texto.
O governo guianense ainda não se pronunciou sobre a proposta, mas o ministro da Comunicação venezuelano, Freddy Ñáñez, assegurou que o vizinho aceitou participar do encontro.
A reunião será realizada com o objetivo de "manter a América Latina e o Caribe como uma região de paz, sem interferência de atores externos, segundo o combinado por ambos os países no âmbito da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (CELAC)", segundo o texto.
A Venezuela e a Guiana disputam o território do Essequibo há mais de um século, mas as tensões se intensificaram desde que o governo Maduro realizou um polêmico referendo, no domingo passado, no qual 95% dos eleitores apoiaram declarar a Venezuela como legítima detentora da região, segundo os resultados oficiais.
A proposta de reunião ocorre depois de Lula instar Maduro por telefone a não tomar "medidas unilaterais", que intensifiquem a disputa. O governo brasileiro reforçou sua presença militar na fronteira norte.
Outros países da América do Sul, além de Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, pediram nos últimos dias uma distensão e uma solução pacífica para as tensões.
Maduro também conversou com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, de acordo com o comunicado da chancelaria.
Segundo a Venezuela, Guterres "se comprometeu a impulsionar os esforços a favor do diálogo direto entre as partes, e lembrou que sempre ofereceu seus bons ofícios para a solução da controvérsia".
C.Bertrand--JdB