Participação em referendo sobre Essequibo supera metade do eleitorado da Venezuela
Mais de 10,4 milhões de eleitores participaram do referendo realizado no domingo por Caracas sobre o território de Essequibo, que a Venezuela disputa com a Guiana, anunciou, nesta segunda-feira (4), a autoridade eleitoral, depois de uma confusão criada na véspera sobre os números da participação.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, ao lado do presidente Nicolás Maduro e de outras altas autoridades venezuelanas, retificou o número depois de uma confusão sobre o dado de participação no processo, com o qual o governo busca reivindicar uma reclamação centenária sobre esta área de 160.000 km2, rica em petróleo e recursos naturais.
"Informamos ao povo da Venezuela que tivemos uma participação muito significativa de 10.431.907 venezuelanos", afirmou Amoroso, comemorando uma adesão "sem precedentes" à consulta.
Na noite de domingo, a autoridade eleitoral havia informado que a participação tinha sido de 10.554.320 votantes, número superior ao atual.
A divergência sobre este dado gerou suspeitas entre dirigentes da oposição e analistas, que interpretaram um voto para cada pergunta, estimando a participação em cerca de dois milhões. A afirmação se apoiava também na falta de filas na maioria dos centros de votação em Caracas e em outras cidades do país.
O eleitorado na Venezuela é formado por 20,7 milhões de pessoas aptas a votar e o resultado informado agora pelo CNE representa uma participação maior em relação ao total de votos da história democrática do país.
O referendo apresentou cinco perguntas, que receberam apoio superior a 95%, incluindo a criação de uma província venezuelana no Essequibo e concessão da nacionalidade a seus 125.000 habitantes.
A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural com a Guiana, como era em 1777 quando era colônia da Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes de a Guiana se tornar independente do Reino Unido, que estabelece as bases para uma solução negociada e anulou um laudo de 1899 que definiu os limites atuais.
Georgetown, enquanto isso, defende este laudo e pede que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), a mais alta corte das Nações Unidas.
O "sim" também ganhou com percentuais superiores a 95% nas demais quatro perguntas, que contemplavam a rejeição ao laudo de Paris e à jurisdição da CIJ, o apoio ao Acordo de Genebra e a oposição ao uso pela Guiana das águas marítimas do Essequibo, onde o governo guianês e a gigante de energia americana ExxonMobil iniciaram a exploração de vastas jazidas de petróleo descobertas em 2015.
Y.Niessen--JdB