Journal De Bruxelles - Suprema Corte do Panamá declara inconstitucional contrato de mina que gerou protestos

Suprema Corte do Panamá declara inconstitucional contrato de mina que gerou protestos
Suprema Corte do Panamá declara inconstitucional contrato de mina que gerou protestos / foto: LUIS ACOSTA - AFP

Suprema Corte do Panamá declara inconstitucional contrato de mina que gerou protestos

A Suprema Corte do Panamá declarou, nesta terça-feira (28), "inconstitucional" o contrato de concessão da maior mina de cobre da América Central, cuja aprovação no Congresso provocou protestos que deixam o país parcialmente paralisado há mais de um mês.

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María Eugenia López, presidente do principal tribunal do país, anunciou: "Decidimos por unanimidade declarar inconstitucional a integridade da lei 406", que se refere ao contrato entre o Estado panamenho e a mineradora canadense First Quantum Minerals (FQM).

A decisão "significa que a referida lei está expulsa do sistema regulatório que vigora no país", acrescentou a magistrada, ao anunciar a decisão após quatro dias de deliberações entre os nove membros da Suprema Corte.

Manifestantes que passaram a noite diante da sede do tribunal celebraram a decisão.

Os protestos, os maiores registrados no Panamá desde a queda do ditador Manuel Antonio Noriega em 1989, e os bloqueios em rodovias motivados pela concessão do contrato provocaram perdas de mais de 1,7 bilhão de dólares (8,3 bilhões de reais) para a agropecuária, o turismo e comércio, segundo fontes do setor empresarial.

O movimento começou em 20 de outubro, quando o Congresso aprovou o contrato assinado pelo governo e a FQM, que concedia a operação de mina de cobre a céu aberto no Caribe panamenho pelo período de 40 anos.

O contrato foi assinado em agosto pelo governo e a empresa canadense. Em 2017, a Suprema Corte declarou inconstitucional o acordo original de 1997.

A FQM alega que a mina gera 50.000 empregos, contribui com 5% do PIB do país e que o contrato inclui o pagamento de royalties anuais que chegam a 375 milhões de dólares (1,8 bilhão de reais), 10 vezes acima do acordo inicial.

Desde 2019, a mina produz anualmente quase 300.000 toneladas de concentrado de cobre, o que representa 75% das exportações panamenhas. O local também possui quase 2.500 fornecedores no país, que vendem mercadorias para a mina que chegam a 900 milhões de dólares anuais (4,4 bilhões de reais).

Os ambientalistas afirmam que a mina prejudica gravemente o meio ambiente por estar em um corredor biológico que liga a América Central ao México.

J.F.Rauw--JdB