Avião da seleção venezuelana decola em Lima após denúncias de 'sequestro'
O avião da seleção venezuelana de futebol decolou nesta quarta-feira (22) em Lima, com quatro horas de atraso, após um problema de abastecimento de combustível, que o governo da Venezuela tachou de "sequestro" e considerou uma prova de xenofobia.
A 'Vinotinto' deixa a capital peruana depois de empatar em 1 a 1 com a seleção local pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, em uma viagem marcada pela tensão. Desde um incomum controle de imigração no Estádio Nacional pelo governo do Peru, onde vivem 1,5 milhão de venezuelanos, até um confronto entre jogadores da equipe e a polícia após o apito final no próprio campo.
O avião da companhia aérea Rutaca partiu às 14h53 (horário local, 16h53 em Brasília), quase quatro horas depois do horário previsto.
"Informamos à comunidade que isto aconteceu por motivos meramente administrativos relacionados ao abastecimento de combustível", informou a concessionária do aeroporto Jorge Chávez, em Lima. "Descartamos que a administração do terminal tenha gerado situações relacionadas a controles de segurança sobre o avião ou seus tripulantes".
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, que tachou o atraso de "sequestro vingativo" após um "extraordinário jogo", confirmou que a seleção está retornando a Caracas "de maneira segura".
Gil disse que o governo peruano ordenou o fornecimento de combustível ao avião e que "prometeu revogar a resolução da PetroPerú, que impede empresas do setor de prestar serviços terrestres a aviões matriculados na Venezuela".
A autoridade migratória ainda não informou o resultado do "controle de identidade sobre pessoas estrangeiras no Estádio Nacional", realizado antes do jogo.
Na semana passada, entrou em vigor um decreto que permite ao governo peruano deportar rapidamente pessoas com documentação irregular, após o fim do prazo fixado até 10 de novembro para regularizar sua situação.
A Venezuela denunciou antes xenofobia por parte do Peru, que atribuiu um aumento na insegurança à presença no país do grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua.
"É no mínimo embaraçoso que um evento futebolístico de tanta envergadura tenha sido tomado como campo de batalha para expor as mais baixas paixões de xenofobia antivenezuelana por parte de uma autoridade policial do Peru", criticou o Ministério dos Esportes da Venezuela.
A pasta também condenou comentários na televisão peruana, em que apresentadores se referiram às mulheres venezuelanas como prostitutas, e exigiu uma investigação por parte da Conmebol e das autoridades locais.
W.Lievens--JdB