Chegam ao Egito 28 bebês retirados de Gaza; Hamas denuncia novo bombardeio a hospital
Vinte e oito bebês prematuros foram evacuados para o Egito da Faixa de Gaza, onde as estruturas sanitárias sofrem com falta de provisões e bombardeios, que nesta segunda-feira (20) atingiram o Hospital Indonésio, segundo o movimento islamista palestino Hamas, em guerra contra Israel.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 28 bebês retirados do hospital Al Shifa, o maior de Gaza, chegaram nesta segunda-feira ao Egito, um a menos que os anunciados em um primeiro momento pelo veículo estatal egípcio Al Qahera News.
A OMS informou que "onze deles se encontram em estado crítico" e todos sofrem de "infecções graves".
Na Cidade de Gaza, o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidreh, afirmou que ao menos "12 pacientes e familiares" morreram em um bombardeio contra o Hospital Indonésio, "cercado" pelas tropas israelenses.
"Há cerca de 700 pacientes e pessoal sanitário" no centro médico, situado nos arredores do campo de refugiados de Jabaliya, informou o porta-voz, que teme "que ocorra o mesmo que no [hospital] Al Shifa", onde Israel deu ordens de evacuação.
O exército israelense informou no domingo que levará os combates a "novos bairros da Faixa de Gaza", onde sua ofensiva aérea e terrestre deixou cerca de 13.300 mortos, inclusive milhares de menores, segundo um novo balanço do movimento islamista, que governa o território palestino.
A guerra começou em 7 de outubro, após o ataque do Hamas a Israel, onde milicianos islamistas mataram cerca de 1.200 pessoas e outras 240 foram sequestradas.
"Estamos assistindo a um massacre de civis que não tem comparação, nem precedentes em nenhum conflito desde que sou secretário-geral", declarou o chefe das Nações Unidas, António Guterres.
- "Como o apocalipse" -
O exército israelense acusa o movimento islamista de usar os hospitais com fins militares e os civis como "escudos humanos", o que o Hamas nega.
As forças israelenses lançaram uma operação na semana passada contra o hospital Al Shifa, que a OMS descreveu como uma "zona de morte".
O exército israelense divulgou vídeos no domingo, cuja autenticidade a AFP não pôde verificar, de dois reféns do Nepal e da Tailândia, afirmando que foram eles levados ao hospital de Al Shifa.
Israel também acusou o Hamas de executar a soldado de 19 anos Noa Marciano no Al Shifa, e apresentou imagens de um suposto túnel de 55 metros debaixo do hospital.
A intensificação dos combates no norte de Gaza obriga muitos civis a fugir para o sul, caminhando em meio a escombros e com o barulho das explosões ao longe.
"É como o apocalipse, é difícil, muito difícil", relatou, em prantos, Renad al Helou. "Há pessoas que perderam filhos e filhas, há feridos e mulheres grávidas", acrescentou a mulher.
- Negociação para libertar reféns -
O presidente americano, Joe Biden, mostrou-se otimista nesta segunda-feira a respeito de um acordo.
"Acredito que sim", respondeu, ao ser perguntado se as partes em conflito, com a mediação do Catar, estão perto de alcançar um pacto.
Entre os sequestrados há israelenses e estrangeiros, incluindo crianças, adolescentes e idosos.
Os chefes da diplomacia de Autoridade Palestina, Egito, Arábia Saudita, Jordânia e Indonésia se reuniram em Pequim com o chanceler chinês, Wang Yi, que disse que a comunidade internacional deve "agir urgentemente" para frear o "desastre humanitário" em Gaza.
Segundo a ONU, mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes do pequeno território palestino foram deslocados pela guerra.
Um alto funcionário militar israelense disse nesta segunda-feira à imprensa que se o exército quiser acabar com o Hamas, precisa "ir ao sul" de Gaza.
- Hospital de campanha -
Funcionários palestinos informaram que um hospital de campanha enviado pela Jordânia, acompanhado de 170 funcionários médicos e técnicos, entrou nesta segunda na Faixa de Gaza, e será estabelecido em Khan Yunes.
"A situação é catastrófica nos hospitais do sul, que recebem centenas de feridos diariamente nos bombardeios aéreos e de artilharia que continuam", explicou à AFP Mohammed Zaqut, diretor-geral dos hospitais da Faixa de Gaza.
A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) declarou, nesta segunda, pelo X (antigo Twitter), que sua clínica em Gaza foi atacada e que há "intensos combates ao seu redor". As 21 pessoas que permanecem em seu interior estão "em perigo extremo", advertiu.
A guerra gerou temores de uma escalada regional do conflito e as trocas de tiros entre os soldados de Israel e o movimento libanês Hezbollah são frequentes desde 7 de outubro.
Apoiado pelo Irã, o Hezbollah afirmou, nesta segunda, que lançou uma série de ataques com drones, mísseis e projéteis de artilharia contra o exército israelense na fronteira com o Líbano.
Em resposta, Israel disse ter bombardeado "infraestruturas terroristas do Hezbollah".
No campo diplomático, Israel anunciou ter chamado para consultas seu embaixador na África do Sul.
O.Meyer--JdB