Journal De Bruxelles - Venezuela acusa ONU de buscar 'declinar sua responsabilidade' em disputa com Guiana

Venezuela acusa ONU de buscar 'declinar sua responsabilidade' em disputa com Guiana
Venezuela acusa ONU de buscar 'declinar sua responsabilidade' em disputa com Guiana / foto: Leonardo Munoz - AFP/Arquivos

Venezuela acusa ONU de buscar 'declinar sua responsabilidade' em disputa com Guiana

O governo venezuelano acusou nesta sexta-feira (10) a ONU de buscar "declinar sua responsabilidade" no aumento das tensões entre Venezuela e Guiana nas últimas semanas, devido à disputa territorial que ambos os países mantêm há mais de um século.

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"A Venezuela rejeita as declarações atribuídas ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, por meio das quais ele pretende declinar sua responsabilidade nas tensões geradas pela Guiana, relacionadas à controvérsia territorial pela Guiana Essequiba", afirmou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em comunicado.

O pronunciamento é uma resposta a um comunicado do porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, no qual expressa que o secretário-geral está acompanhando "com preocupação a recente escalada de tensão" entre os países devido à controvérsia de fronteira.

No texto, a ONU, que atuou como mediadora por muitos anos no conflito entre os dois países, lembra que o caso agora está nas mãos da Corte Internacional de Justiça (CIJ) e destaca que "confia na boa fé de ambas as partes para evitar qualquer ação que agrave ou prolongue a controvérsia".

Em setembro passado, a Guiana anunciou uma rodada de licitação para blocos de petróleo na região de Essequibo, o território em disputa que tem cerca de 160 mil quilômetros quadrados e é atualmente administrado pela Guiana (125.000 habitantes de 800 mil guianenses em 2012). É rico em minerais, petróleo e ampla biodiversidade.

A Venezuela protestou contra as licitações, desencadeando um intercâmbio de mensagens diplomáticas em que ambos os países se acusam de provocar a situação.

O governo venezuelano convocou um referendo consultivo para 3 de dezembro, propondo anexar o território e conceder cidadania aos habitantes.

A Guiana rejeitou a consulta convocada pela Venezuela e pediu à CIJ que interrompesse o referendo. O tribunal convocou uma audiência para a próxima terça-feira, mas a Venezuela sustenta que rejeita essa instância para a resolução do conflito e apela à negociação.

A Guiana defende que as águas que a Venezuela reivindica lhe pertencem devido a um laudo arbitral em Paris em 1899, mas a Venezuela o rejeita e reivindica um tratado assinado em Genebra em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianense, estabelecendo bases para uma solução negociada e desconhecendo o tratado anterior.

I.Servais--JdB