Comissão Europeia recomenda início de negociações de adesão da Ucrânia
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), recomendou nesta quarta-feira (8) o início das negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia, ao mesmo tempo em que reconheceu a Geórgia como país candidato a entrar para o bloco.
"Hoje é um dia histórico", disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
A Ucrânia, afirmou a dirigente alemã, "continua enfrentando enormes dificuldades e a tragédia provocada pela guerra de agressão da Rússia e, no entanto, os ucranianos estão transformando seu país".
As recomendações da Comissão serão submetidas à votação dos líderes dos países da UE em uma reunião de cúpula prevista para dezembro, em Bruxelas.
A Ucrânia apresentou o pedido de adesão à UE apenas cinco dias após a ofensiva da Rússia contra seu território, em fevereiro de 2022, e, em junho, o país foi oficialmente reconhecido como candidato à integração ao bloco.
Quando a Ucrânia formalizou a demanda de adesão, a UE apresentou um plano de sete reformas fundamentais, em particular a luta contra a corrupção, que devem ser concluídas antes do início das negociações.
Von der Leyen visitou a Ucrânia no fim de semana passado e elogiou as autoridades por terem concluído "mais de 90%" das reformas exigidas.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, elogiou o "passo correto" da Comissão e declarou que o país "tem que estar na UE".
"Os ucranianos merecem tanto por sua defesa dos valores europeus como pelo fato de que, mesmo em tempos de guerra em larga escala, conseguimos cumprir nossa palavra e desenvolver instituições estatais", disse.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, afirmou que o país se tornará um membro "igualitário e forte" da UE.
No caso da Moldávia, o país afirma que é objeto de desestabilização permanente por parte da Rússia e agora deve iniciar formalmente o processo de negociações com Brucelas.
A presidente do país, Maia Sandu, agradeceu à Comissão em mensagem publicada na rede social X.
"Obrigada por estar conosco e pelo apoio à Moldávia e aos moldávios em nossa viagem rumo à UE", escreveu.
A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, celebrou a "recomendação positiva" da Comissão, ao reconhecer o país como candidato à adesão.
- Processo longo e complexo -
O processo de adesão demora vários anos de complexas negociações entre os países postulantes e as instituições da UE em Bruxelas, podendo levar até uma década.
A Turquia iniciou conversas formais de adesão em 2005, e situação continua estagnada. A Albânia foi reconhecida como país candidato em 2003 e iniciou as negociações formais em 2009, mas ainda não foram concluídas.
Montenegro, Sérvia e Macedônia do Norte também aguardam na fila, com impaciência crescente.
No caso da Bósnia, um documento da Comissão divulgado nesta quarta-feira recomendou o início das negociações apenas depois de o país avançar com um plano de reformas.
De modo geral, a guerra da Rússia contra a Ucrânia provocou uma discussão mais ampla sobre a adesão de novos membros ao bloco da UE, que tenta conter a influência russa e chinesa.
Até mesmo os diplomatas europeus que apoiam a Ucrânia com veemência admitem, contudo, que o debate na reunião de cúpula de dezembro será difícil e que a aprovação para o início das negociações pode ser condicionada a novas reformas.
Vários países insistem em que não podem existir "atalhos" no caminho da Ucrânia para a adesão. A Hungria acusa a Ucrânia, por sua vez, de limitar os direitos dos húngaros étnicos.
No caso específico da Ucrânia, o processo envolve um país virtualmente destruído por uma guerra, o que representaria um enorme custo adicional para o bloco.
E.Carlier--JdB