Ajuda a Israel e Ucrânia, tema de intensos debates no Congresso dos EUA
Os Estados Unidos vão se limitar a dar apoio financeiro exclusivamente a Israel? Ou vão aprovar o vultoso pacote desejado pelo presidente Joe Biden com recursos para Gaza, Ucrânia e aliados na Ásia? O Congresso americano começa a discutir estes temas espinhosos nesta quinta-feira (2).
O Legislativo, finalmente plenamente funcional com um "speaker" (presidente), está dividido em torno do tipo de apoio que deve dar a seus aliados no exterior.
Tanto os democratas quanto os republicanos pretendem que libere imediatamente ajuda militar para Israel, o aliado mais tradicional dos Estados Unidos, e que está em pleno conflito com o grupo islamista palestino Hamas.
No entanto, as coisas são mais complicadas quando se trata da Ucrânia.
Washington é o maior fornecedor de ajuda militar para Kiev e se comprometeu e enviou dezenas de bilhões de dólares desde que a Rússia concretizou sua invasão ao país vizinho, em fevereiro de 2022.
Mas a promessa do presidente democrata de continuar apoiando a Ucrânia financeiramente, reiterada durante a visita do presidente Volodimir Zelensky a Washington, em setembro passado, está em perigo.
- Risco de cansaço -
No Congresso americano, por um lado está a Câmara de Representantes, dominada pelos conservadores republicanos e onde um punhado de legisladores de direita pedem o fim imediato da ajuda a Kiev. Esta instituição esteve mergulhada durante três semanas em uma paralisia sem precedentes, com uma vacância, e seu novo presidente Mike Johnson, acaba de assumir.
Por outro lado, está o Senado, de maioria democrata, e onde a oposição republicana é majoritariamente favorável a ajudar a Ucrânia.
"A ideia de que o apoio contra a Rússia prejudica outras prioridades de segurança é falsa", afirmou o líder republicano do Senado, Mitch McConnell.
Consciente do risco de cansaço em parte da classe política americana, Biden decidiu combinar seu pedido de ajuda para a Ucrânia - más de 61 bilhões de dólares (R$ 317 bilhões, na cotação atual) - à assistência a Israel - cerca de 14 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 73 bilhões).
O presidente octogenário também quer recursos para fazer frente à China militarmente, investindo na fabricação de submarinos e competindo economicamente com grandes projetos chineses em países em desenvolvimento.
Biden também estima que precisaria de pouco mais de 9 bilhões de dólares (R$ 47 bilhões) para atender às crises humanitárias internacionais, inclusive a provocada no território palestino da Faixa de Gaza com os intensos bombardeios de Israel.
Todo esse pacote soma um total de quase US$ 106 bilhões (R$ 551 bilhões).
- Disputa árdua às portas -
A cúpula republicana da Câmara baixa quer enfrentar Biden e tem previsto votar nesta quinta-feira às 16h30 locais (17h30 de Brasília) apenas o pacote para Israel.
"Não podemos permitir que a brutalidade que acontece atualmente com Israel continue", disse Johnson, o novo presidente da Casa.
Ele considerou que as medidas de apoio a outros aliados dos Estados Unidos, incluindo a Ucrânia, deveriam ser tema de discussões posteriores.
Para financiar seu pacote, ele planeja obter recursos de grande parte do plano de Biden para o enfrentamento das mudanças climáticas e infraestrutura, aprovado no ano passado. A Casa Branca, como era esperado, é contra.
O Executivo já ameaçou vetar a iniciativa republicana, caso seja aprovada.
A disputa em torno destes pacotes de assistência - que trazem para a mesa questionamentos de muitos sobre o papel dos Estados Unidos como Polícia mundial – promete ser dura.
"Pedi ao Congresso um conjunto de medidas que nos permitam cumprir nossos compromissos com a ajuda humanitária e a defesa", postou Biden em sua conta na rede social X (antigo Twitter).
"Uma paz duradoura depende disso", reforçou.
P.Mathieu--JdB