Journal De Bruxelles - Putin assina saída da Rússia de tratado que proíbe testes nucleares

Putin assina saída da Rússia de tratado que proíbe testes nucleares
Putin assina saída da Rússia de tratado que proíbe testes nucleares / foto: Gavriil Grigorov - Pool/AFP

Putin assina saída da Rússia de tratado que proíbe testes nucleares

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, nesta quinta-feira (2), a lei que revoga a ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês), com o conflito da Ucrânia e a crise com o Ocidente como pano de fundo.

Tamanho do texto:

O tratado de 1996 proíbe todos os testes com armas nucleares, embora nunca tenha entrado em vigor porque alguns países-chave - entre eles Estados Unidos e China - nunca o ratificaram.

Putin disse no início de outubro que seu país poderia revogar a ratificação do CTBT em resposta ao fato de que os Estados Unidos nunca o ratificaram.

“Não estou pronto para dizer se devemos ou não retomar os testes”, acrescentou, ao mesmo tempo em que elogiou o desenvolvimento de novos mísseis capazes de transportar ogivas nucleares.

A promulgação da lei russa é "muito decepcionante e profundamente lamentável", reagiu, por meio de um comunicado, Robert Floyd, secretário-executivo da organização responsável pelo tratado (CTBTO, na sigla em inglês).

Floyd pontuou, no entanto, que apesar desta decisão, a Rússia afirmou "continuar associada" ao tratado, "inclusive ao funcionamento de todas as estações de vigilância da CTBTO em seu território", que permitem detectar em tempo real a menor explosão possível.

Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, altos funcionários russos ameaçaram em várias ocasiões utilizar armamento nuclear, embora em outras Putin tenha mostrado cautela a esse respeito.

Na semana passada, o presidente russo supervisionou exercícios com mísseis balísticos para preparar suas tropas para um "ataque nuclear maciço" de retaliação.

O projeto de lei para revogar o tratado foi aprovado pelo Parlamento russo no mês passado.

Embora nunca tenha entrado em vigor, o acordo foi ratificado por 178 países, incluindo as potências nucleares França e Reino Unido, e tem valor simbólico.

Seus defensores afirmam que estabelece uma norma internacional contra os testes com armas nucleares, mas seus críticos afirmam que o potencial do acordo continua sem ser concretizado sem as ratificações das principais potências nucleares.

O Parlamento russo ratificou o acordo em junho de 2000, seis meses depois que Putin assumiu a Presidência.

Y.Simon--JdB