Biden chega ao Vietnã para fortalecer relação bilateral frente à China
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou neste domingo (10) ao Vietnã para aprofundar a cooperação entre os dois países face às crescentes ambições da China na região.
O avião presidencial Air Force One pousou em Hanói por volta das 16h00 locais (06h00 no horário de Brasília), depois de Biden ter participado neste fim de semana da cúpula do G20 na Índia.
Biden se reunirá com o líder do Partido Comunista no poder do Vietnã, Nguyen Phu Trong, e deverá assinar uma “aliança estratégica ampliada”, o mais alto nível de cooperação diplomática que o país asiático possui.
Para o domingo está prevista uma cerimônia de boas-vindas com discursos e uma coletiva de imprensa de Biden, que esta semana concedeu a mais alta honraria militar a um piloto que resgatou quatro soldados americanos que lutaram durante a Guerra do Vietnã.
O principal objetivo da breve visita de Biden ao Vietnã é o mesmo da sua viagem para participar da cúpula do G20: reunir apoio contra a crescente influência da China.
Durante a viagem, espera-se o anúncio de mais cooperação na área de semicondutores, disse a jornalistas Jon Finer, vice-assessor de Segurança Nacional dos EUA.
O Vietnã procura dar a impressão de que não toma partido nem dos Estados Unidos nem da China, mas compartilha a preocupação de Washington sobre as reivindicações de Pequim no disputado Mar da China Meridional, onde Hanói também tem reivindicações.
Os Estados Unidos e o Vietnã têm relações comerciais cada vez mais estreitas e Washington vê Hanói como um parceiro importante na sua estratégia para reduzir a sua dependência da China após anos de perturbações na cadeia de abastecimento.
- Combinar interesses-
Antes da chegada de Biden, o The New York Times noticiou que o Vietnã estava negociando secretamente um novo acordo de armas com a Rússia, apesar das sanções impostas pelas potências ocidentais a Moscou.
Neste domingo, Finer mencionou as relações de cooperação militar que a Rússia e o Vietnã mantêm há décadas.
Segundo o alto funcionário americano, há "um mal-estar crescente entre os vietnamitas" sobre esta relação e afirmou que Washington e os seus aliados podem ajudar Hanói a "diversificar os seus parceiros".
Na segunda-feira, o presidente dos EUA se reunirá com o seu homólogo, Vo Van Thuong, e com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh.
Antes da chegada de Biden, a área do lago Hoan Kiem, no coração de Hanói, estava decorada com as bandeiras dos dois países. Perto dali, no bairro antigo da capital, uma loja de souvenirs vendia camisetas com o rosto do presidente americano.
"Acredito que esta visita do presidente Joe Biden trará mais contratos comerciais e empregos para o povo do Vietnã", disse o comerciante Truong Thanh Duc, de 61 anos.
- Direitos humanos -
Durante a sua visita, Biden combinará interesses estratégicos com questões espinhosas, como a defesa dos direitos humanos.
Este país do Sudeste Asiático tem um histórico desastroso, com críticos do governo expostos a intimidação, assédio e penas de prisão após julgamentos arbitrários, além dos relatos de tortura policial para forçar confissões, segundo a ONG Human Rights Watch.
Biden – que frequentemente critica a China em matéria de direitos humanos – permanece em silêncio sobre a situação no Vietnã e os ativistas temem que ele não aborde a questão durante a visita.
O presidente chega ao Vietnã poucos dias depois de a Comissão do Governo dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) ter criticado que neste país existem violações "persistentes" e que a situação parece piorar.
Nguyen Bac Truyen, jurista e defensor da liberdade religiosa que foi condenado em 2018 a 11 anos de prisão por subversão, disse no sábado que foi libertado e recebeu autorização para viajar para a Alemanha com a sua esposa.
Hanói já libertou prisioneiros políticos antes de visitas dos presidentes dos EUA.
Para visitar Hanói, Biden precisou abandonar antes do final a cúpula do G20, cujos líderes chegaram a acordo sobre uma declaração conjunta que evitou divisões sobre a guerra na Ucrânia e a luta contra a mudança climática.
A agenda de Biden inclui uma visita ao memorial do seu amigo John McCain, o falecido senador republicano que lutou durante a Guerra do Vietnã, foi capturado e suportou um longo cativeiro, mas depois ajudou a reconstruir as relações entre os dois países.
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C.Bertrand--JdB