Journal De Bruxelles - América Latina tem número recorde de migrantes menores de idade, alerta Unicef

América Latina tem número recorde de migrantes menores de idade, alerta Unicef
América Latina tem número recorde de migrantes menores de idade, alerta Unicef / foto: SUZANNE CORDEIRO - AFP/Arquivos

América Latina tem número recorde de migrantes menores de idade, alerta Unicef

A América Latina e o Caribe estão enfrentando "uma das maiores e mais complexas crises" de migração infantil do mundo, com quantidades recordes de crianças cruzando seus principais pontos de trânsito, alertou o Unicef nesta quarta-feira (6).

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Cerca de 25% dos migrantes na região são menores de idade, em comparação com 15% globalmente, de acordo com um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, que aponta a pobreza, a violência e a degradação do meio ambiente como causas do êxodo em massa.

Os menores de 11 anos representam 91% das crianças e adolescentes que frequentemente viajam desacompanhados pelos três principais pontos de trânsito de migração: a perigosa e inóspita selva do Darién, entre Colômbia e Panamá, o norte da América Central e o México, de acordo com o relatório "O rosto em mudança da infância migrante na América Latina e no Caribe".

Embora a maioria migre com suas famílias, "vemos também um aumento de crianças e adolescentes viajando sozinhos em alguns pontos de trânsito na região", disse Laurent Duvillier, chefe regional de comunicação do Unicef para a América Latina e o Caribe.

"Eles estão atravessando dois, três ou mais países em busca de melhores oportunidades de vida, proteção ou para se reunir com suas famílias", disse ele por e-mail à AFP.

Isso é resultado de uma "combinação de fatores", como "a pobreza ou as consequências socioeconômicas da pandemia de covid-19, ameaças de violência de gangues, os impactos de desastres naturais exacerbados pelas mudanças climáticas e o desejo de se reunir com suas famílias", explicou.

As crianças desacompanhadas correm mais riscos de serem alvo de traficantes, criminosos, gangues e outras pessoas que desejam explorá-las, feri-las se viajarem sozinhas ou em pequenos grupos, segundo o relatório.

Nos primeiros seis meses de 2023, mais de 40.000 menores e adolescentes cruzaram a selva do Darién. Por sua vez, o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos registrou no primeiro semestre deste ano 83.000 menores, em comparação com 149.000 em 2021 e 155.000 no ano seguinte.

- Rosto em mudança -

Mais de 70 nacionalidades passaram pelo Darién, muitas de lugares tão distantes quanto a África e a Ásia. Após uma queda em 2022 devido à pandemia, os fluxos estão se recuperando este ano, com a intenção, na maioria dos casos, de chegar ao México, Estados Unidos e Canadá, de acordo com o relatório.

Entre 2020 e 2021, o número de venezuelanos que cruzaram o Darién superou 150.000, 50 vezes mais do que antes, a caminho, na maioria dos casos, dos Estados Unidos.

Os haitianos foram protagonistas de outro grande foco de migração na última década. Em 2020, havia mais de 870.000 migrantes e refugiados na região. A esses somam-se salvadorenhos, hondurenhos, guatemaltecos e mexicanos.

Segundo o relatório, estima-se que entre 2014 e 2022 mais de 2 milhões de pessoas emigraram de El Salvador, Guatemala e Honduras, tanto dentro quanto fora da região.

Dos 541.000 cidadãos desses países que chegaram à fronteira sul dos Estados Unidos em 2022, 140.000 eram menores e, destes, 114.585 estavam desacompanhados, segundo dados oficiais.

- Devoluções -

Dos 808.000 migrantes e refugiados mexicanos que tentaram chegar aos Estados Unidos em 2022, quase 40.000 eram menores acompanhados e outros 28.000 não acompanhados.

De acordo com a Iniciativa de Informação sobre a Migração no Triângulo Norte (NTMI, na sigla em inglês) da Organização Internacional para as Migrações (OIM), ao longo de 2022, mais de 197.000 migrantes e refugiados foram devolvidos aos seus países de origem no norte da América Central a partir dos Estados Unidos e do México.

Desses, quase 36.000 eram menores e mais de 41.000 eram mulheres. Em 2022, as autoridades migratórias mexicanas devolveram aos seus países de origem 9.192 crianças e adolescentes, dos quais 71% estavam desacompanhados e 85% tinham nacionalidade hondurenha ou guatemalteca.

P.Claes--JdB