Journal De Bruxelles - Líder catalão pede anistia para separatistas em troca de apoio ao governo espanhol

Líder catalão pede anistia para separatistas em troca de apoio ao governo espanhol
Líder catalão pede anistia para separatistas em troca de apoio ao governo espanhol / foto: John Thys - AFP

Líder catalão pede anistia para separatistas em troca de apoio ao governo espanhol

O líder catalão Carles Puigdemont apresentou nesta terça-feira (5) as condições de seu movimento político para negociar o eventual apoio à posse do novo chefe de Governo espanhol, incluindo uma anistia para os separatismo da Catalunha.

Tamanho do texto:

Em uma entrevista coletiva em Bruxelas, Puigdemont também mencionou entre as condições o "respeito à legitimidade do independentismo" catalão, a retirada dos processos judiciais contra os independentistas e a criação de um mecanismo de verificação do cumprimento dos acordos.

O líder catalão também pediu que se estabeleça "como únicos limites os definidos pelos acordos e tratados internacionais que se referem aos direitos humanos (individuais e coletivo) e as liberdades fundamentais".

As eleições de julho na Espanha deixaram o partido de Puigdemont, Junts per Catalunya, no centro do tabuleiro político. O voto da legenda inclinará a balança para um ou outro lado.

Nenhum dos principais candidatos, o atual primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez e o conservador Alberto Núñez Feijóo, conseguiu um número suficientes de cadeiras no Parlamento para garantir o posto de chefe de Governo.

Feijóo, o mais votado nas eleições, recebeu do rei Felipe VI a tarefa de enfrentar um debate de posse no Congresso nos dias 26 e 27 de setembro.

As possibilidades de sucesso, no entanto, são ínfimas, pois, nem mesmo com o eventual apoio do partido de extrema direita Vox e de outras pequenas legendas, ele alcançaria o número necessário de deputados.

Dessa forma, as declarações de Puigdemont foram vistas como uma mensagem direta a Sánchez e a seu partido sobre os compromissos que deverão assumir, se desejam contar com o apoio dos catalães e formar um novo governo.

Nesta terça-feira, Puigdemont insistiu em que não há negociações em curso para definir quem será apoiado por seu movimento, mas explicou as condições para negociar a eventual votação.

"Nenhuma destas pré-condições é contrária à Constituição e, portanto, a qualquer tratado europeu, e nem sequer exigem um longo processo legislativo: são condições prévias que devem ser cumpridas antes do fim do prazo legal para evitar novas eleições", disse.

De acordo com Puigdemont, a Catalunha é "uma velha nação europeia, que viu sua condição nacional atacada pelos regimes políticos espanhóis desde 1714, por isso vê sua independência política como a única forma de continuar a existir como nação".

- Impulsionar um "pacto histórico" -

Puigdemont destacou que nenhum candidato tem apoio suficiente para ser eleito e que a Espanha "enfrenta um dilema", que pode ser rompido com a adoção de um "pacto histórico".

"Se há uma vontade real de encarar um acordo desta natureza, estas condições devem ser criadas", afirmou.

Puigdemont teve uma longa reunião na segunda-feira em Bruxelas com Yolanda Díaz, líder do partido de esquerda Sumar e segunda vice-presidente do governo de Sánchez.

Em agosto, o apoio dos independentistas catalães ligados a Puigdemont possibilitou a eleição de uma socialista para a presidência do Congresso dos Deputados, mas o líder regional insistiu em que este voto específico não tem nenhum vínculo com a posse do novo chefe de Governo.

Nesta terça-feira, a porta-voz do governo espanhol, Isabel Rodríguez, advertiu que "para abordar esta situação temos uma ferramenta que é o diálogo, temos um marco que é a Constituição".

O ex-primeiro-ministro Felipe González destacou que, "no marco da Constituição, não cabe nem anistia, nem autodeterminação".

E.Carlier--JdB