Cidade no oeste da Ucrânia chora a morte de uma criança em bombardeio
O caixão de Volodimir Balabanik, um menino ucraniano que morreu em um bombardeio russo, foi decorado com balões em forma de dinossauro e um bicho de pelúcia para seu funeral, nesta segunda-feira (14), na cidade de Kolomyia, no oeste da Ucrânia.
O menino de oito anos morreu do lado de fora de sua casa na sexta-feira, perto de Kolomyia, na região de Ivano-Frankivsk.
Até agora, essa região do sudoeste da Ucrânia havia escapado do pior desta guerra, que já dura 17 meses.
Familiares de Volodimir Balabanik e moradores se reuniram em torno de seu caixão branco nesta segunda-feira para se despedir. Sua mãe o beijou na cabeça.
O caixão foi decorado com balões a arranjos de flores e um ursinho de pelúcia.
No cemitério onde ele foi enterrado, há várias vítimas da guerra, a maioria militares que morreram no campo de batalha, muito longe desta localidade.
"Isso não é uma perda, é uma tragédia", disse à AFP Oksana Shegda, professora do menino. "É uma tragédia para a Ucrânia".
- "Sua carteira permanecerá vazia" -
Volodimir foi mortalmente ferido por um estilhaço do lado de fora de sua casa após a queda do míssil russo nas proximidades.
Dois de seus parentes que estavam dentro da casa escaparam da explosão que abalou as residências e fez estourar os vidros das janelas, relataram vizinhos.
Oksana Shegda disse que a família da criança, que preferiu não falar com a imprensa, está devastada.
"É aterrorizante pensar que sua carteira permanecerá vazia, e que os cadernos e livros ficarão fechados", acrescentou a professora.
Svetlana Ivaniuk, padeira de 31 anos, cujo filho era um grande amigo de Volodimir, afirma que a criança é a vítima mais jovem registrada em Kolomyia.
Seu filho Oleksandr, que assim como Volodimir adora brinquedos Lego e carros Hot Wheels, está abalado.
Ivaniuk conta que seu filho perguntou: "É realmente ele? Talvez eles estejam enganados".
- "Guerra sem sentido" -
O ataque acabou com a esperança de segurança nesta região relativamente tranquila, famosa por sua catedral, que oferece refúgio a pessoas que chegam de outras áreas do leste e sul da Ucrânia, mais atingidas pela guerra.
"Não estamos protegidos neste país, nesta cidade", afirma à AFP Vladislav Lilmishko, um taxista de Kolomyia que participou do funeral. "Ninguém está a salvo", acrescenta.
Muitos residentes de Kolomyia, uma cidade pacata à beira do rio Prut e afastada de outras regiões mais afetadas pela guerra, costumavam ignorar os alertas de ataques aéreos, mas agora pedem aos filhos que levem as sirenes a sério.
Volodimir morreu após a Rússia realizar uma série de lançamentos de mísseis hipersônicos contra o oeste da Ucrânia.
Kiev afirmou que os mísseis Kinzhal tinham como alvo um aeródromo.
Esta morte evidencia o sofrimento das crianças desde que a Rússia iniciou a invasão em grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.
"Estamos testemunhando repetidamente vidas interrompidas de crianças e o sofrimento das famílias que enfrentam a dor insuperável de perder uma criança, tudo isso devido a essa guerra temerária e sem sentido", disse à AFP Aaron Greenberg, funcionário da Unicef, a agência da ONU para a infância.
Uma média de três crianças tem morrido ou ficado feridas diariamente na Ucrânia desde o início da guerra, de acordo com a ONG Save the Children.
"O número de vítimas entre crianças e suas famílias continua mostrando que armas explosivas não devem ser usadas perto de vilas e cidades", declarou à AFP Amjad Yamin, da Save the Children na Ucrânia.
O.Meyer--JdB