Journal De Bruxelles - Regime militar do Níger anuncia que pretende processar presidente deposto

Regime militar do Níger anuncia que pretende processar presidente deposto
Regime militar do Níger anuncia que pretende processar presidente deposto / foto: - - ORTN - Télé Sahel/AFP/Arquivos

Regime militar do Níger anuncia que pretende processar presidente deposto

Os autores do golpe de Estado no Níger contra o presidente Mohamed Bazoum anunciaram, neste domingo (13), em comunicado lido na TV nacional, a intenção de "processar" o presidente deposto por "alta traição" e por "minar a segurança" do país.

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"O governo nigerino reuniu, no dia de hoje (...) evidências para processar o presidente deposto e seus cúmplices locais e estrangeiros junto às instâncias nacionais e internacionais competentes por alta traição e por minar a segurança interna e externa do Níger", declarou o coronel Amadou Abdramane.

O governo sustenta suas acusações com base nos "intercâmbios" de Bazoum com "cidadãos", "chefes de Estado estrangeiros" e "dirigentes de organizações internacionais".

A respeito do presidente deposto, os militares disseram que nunca tomaram o controle da residência presidencial, onde Bazoum está, e que o presidente deposto é livre para se comunicar com o mundo exterior.

Bazoum permanece na residência presidencial desde o golpe de Estado de 26 de julho, acompanhado do filho e da esposa.

Os militares asseguram que Bazoum "recebe regularmente a visita de seu médico".

Segundo um conselheiro do presidente, uma consulta médica foi realizada no sábado.

"Após esta visita, o médico não revelou nenhum problema sobre o estado de saúde do presidente deposto e dos membros de sua família", acrescentaram os militares.

O presidente deposto disse a vários meios de comunicação que é mantido "refém" e que não tem acesso a eletricidade e é obrigado a comer exclusivamente arroz e massas.

No comunicado, o regime militar também denunciou "as sanções ilegais, desumanas e humilhantes da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental)", adotadas após uma cúpula da organização, em 30 de julho.

O bloco de países oeste-africanos anunciou, entre outras medidas, a suspensão das transações financeiras e comerciais com o Níger.

Segundo o coronel Abdramane, a população nigerina está sendo "duramente atingida pelas sanções ilegais, desumanas e humilhantes impostas pela Cedeao", que "chegam a privar o país de produtos farmacêuticos, alimentícios", além do "fornecimento de eletricidade".

De acordo com os militares no poder, "todas as medidas urgentes estão sendo tomadas para atenuar ao máximo o impacto das sanções".

A respeito das pessoas próximas ao governo deposto detidas após o golpe de Estado, os militares acrescentaram que "reafirmam seu firme desejo de respeitar (...) os compromissos do Níger no tema dos direitos humanos".

T.Bastin--JdB