Journal De Bruxelles - Executivos de mineradora serão julgados na Colômbia por suspeita de financiar paramilitares

Executivos de mineradora serão julgados na Colômbia por suspeita de financiar paramilitares
Executivos de mineradora serão julgados na Colômbia por suspeita de financiar paramilitares / foto: HENRY ROMERO - AFP

Executivos de mineradora serão julgados na Colômbia por suspeita de financiar paramilitares

O presidente e o ex-presidente da mineradora americana Drummond deverão responder em um julgamento pelo suposto financiamento de paramilitares de extrema direita no final dos anos 1990 na Colômbia, informou o Ministério Público nesta quarta-feira (31).

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Em um comunicado, o órgão investigador garantiu que têm "material de prova abundante que explica a suposta responsabilidade" de José Miguel Linares (presidente) e Augusto Jiménez (ex-presidente) no apoio econômico e na promoção dos violentos esquadrões que combateram as guerrilhas.

Durante a guerra interna prolongada, os paramilitares provocaram mais de 94.000 mortes e, em 2006, depuseram suas armas em um acordo com o governo do ex-presidente de direita Álvaro Uribe (2002-2010).

O MP garantiu que os executivos da Drummond responderão por "crime de concertação para delinquir com agravante, na modalidade de promover e financiar grupos armados à margem da lei, conduta que foi declarada de lesa humanidade".

Linares e Jiménez deverão explicar se, entre 1996 e 2001, recorreram aos paramilitares para que lhes fosse garantida "a proteção de seus bens" e, além disso, para que pudessem exercer com "liberdade a operação de mineração de carvão no departamento de Cesar [norte]", segundo a informação do Ministério Público.

De acordo com as investigações, os executivos superfaturaram um "contrato de aquisição de alimentos com uma empresa fornecedora para obter recursos adicionais e destiná-los à cobertura de obrigações ilegais previamente adquiridas com a frente Juan Andrés Álvarez do Bloco Norte das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC)", como se autodenominavam os paramilitares.

Especializada na exploração de carvão, a Drummond iniciou suas operações em 1995 no norte da Colômbia, onde operavam guerrilhas e paramilitares.

Cerca de 30.000 integrantes das AUC submeteram-se a um sistema especial de justiça após sua desmobilização, que estabeleceu uma pena máxima de oito anos de prisão em troca da renúncia às armas e da confissão de seus crimes.

Apesar do desarmamento dos paramilitares e da guerrilha das FARC em 2017, o conflito interno na Colômbia persiste, com 9 milhões de vítimas em mais de meio século.

D.Verstraete--JdB