Journal De Bruxelles - Assad marca seu retorno entre os países árabes em cúpula sediada pela Arábia Saudita

Assad marca seu retorno entre os países árabes em cúpula sediada pela Arábia Saudita
Assad marca seu retorno entre os países árabes em cúpula sediada pela Arábia Saudita / foto: Fayez Nureldine - AFP

Assad marca seu retorno entre os países árabes em cúpula sediada pela Arábia Saudita

Os líderes árabes deram, nesta sexta-feira (19), as boas-vindas ao presidente sírio, Bashar al Assad, após anos de isolamento diplomático, em uma reunião na Arábia Saudita que também teve a presença do presidente da Ucrânia.

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Assad defendeu uma "nova fase" na cooperação regional durante seu discurso na cúpula, que também contou com a aparição surpresa do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, um sinal do crescente peso diplomático do país anfitrião.

Essa é a primeira vez que o líder sírio comparece à Liga Árabe, desde que o país foi suspenso, em 2011, pela brutal repressão de manifestantes pró-democráticos que levou a uma guerra civil.

"Espero que isso marque o começo de uma nova fase de ação árabe para a solidariedade entre nós, a paz em nossa região, o desenvolvimento e a prosperidade no lugar da guerra e da destruição", disse Assad aos participantes da reunião, que ocorre na cidade de Jidá, às margens do mar Vermelho.

Na sala principal da cúpula, Assad trocou saudações com o presidente egípcio, Abdel Fattah al Sissi. Antes da cerimônia inaugural, se reuniu com o presidente da Tunísia e com o vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos.

"Gostaria de dar as boas-vindas à Síria, que agora ocupa o seu lugar entre os seus irmãos", disse o primeiro-ministro argelino, Ayman Benabderrahmane, no discurso de abertura da cúpula.

"Alegra-nos hoje a participação do presidente sírio, Bashar al Assad, nessa reunião", afirmou, por sua vez, o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, governante de fato do país, esperando que esse retorno leve à "estabilidade" na Síria.

- Promover a reconciliação -

A recepção de Assad é uma reviravolta para a Arábia Saudita, que respaldou a oposição síria e apoiou os grupos rebeldes durante as primeiras fases da guerra na Síria e acusou o presidente, aliado do Irã, de operar uma "máquina de matar".

Na Síria, centenas de pessoas protestaram no norte do país, controlado pelos rebeldes, contra a reabilitação de Assad, gritando "O povo quer a queda do regime!", o mesmo grito que era ouvido nos protestos que sacudiram a Síria e outros países árabes em 2011.

O retorno de Assad ocorre depois do acordo histórico de aproximação da Arábia Saudita com o Irã, com mediação da China e anunciado em março.

Desde então, a Arábia Saudita restabeleceu relações com a Síria e intensificou seus esforços pela paz no Iêmen, onde lidera uma coalizão militar contra os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã.

Nem todos os países da região, no entanto, estão dispostos a retomar as relações com Assad. O Catar afirmou que não normalizaria as relações com o governo sírio, mas destacou que isto não seria um obstáculo para a reintegração na Liga Árabe.

- Visita surpresa de Zelensky -

A visita surpresa de Zelensky é a primeira viagem do presidente ucraniano ao Oriente Médio desde a invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022

Vestido com o seu habitual traje militar, foi recebido no aeroporto pelo embaixador da Ucrânia e vários funcionários sauditas.

Mais tarde, ele acusou alguns líderes árabes de ignorar os horrores da invasão russa da Ucrânia. "Infelizmente, há alguns no mundo e aqui, entre vocês, que fecham os olhos para anexações ilegais", disse Zelensky, que pediu aos participantes da reunião um olhar honesto para a guerra.

Um funcionário da Liga Árabe disse à AFP que o convite a Zelensky foi feito pela Arábia Saudita e não pela organização.

Zelensky indicou nas redes sociais que se reuniu com o príncipe Mohamed bin Salman e espera-se também que um representante da embaixada russa participe da cúpula.

A Arábia Saudita mantém uma posição relativamente neutra na guerra da Ucrânia. Embora tenha prometido centenas de milhões de dólares em ajuda à Ucrânia e apoie o Conselho de Segurança da ONU, que denuncia a invasão russa, também tem coordenado com a Rússia na política energética.

W.Baert --JdB