Journal De Bruxelles - Paris se despede em grande estilo de seus Jogos Olímpicos

Paris se despede em grande estilo de seus Jogos Olímpicos
Paris se despede em grande estilo de seus Jogos Olímpicos / foto: Franck FIFE - AFP

Paris se despede em grande estilo de seus Jogos Olímpicos

Com a participação do astro Tom Cruise, homenagens a atletas e música dos dois lados do Atlântico, Paris se despediu neste domingo (11) dos Jogos Olímpicos em uma cerimônia suntuosa e entregou o bastão a Los Angeles-2028.

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Perto do final da cerimônia de encerramento, a prefeita da cidade californiana, Karen Bass, recebeu das mãos do presidente do COI, Thomas Bach, a bandeira com os cinco anéis, no Stade de France, antes de entregá-la à ginasta americana Simone Biles, uma das heroínas destes Jogos com três medalhas de ouro.

Depois foi a vez do ator Tom Cruise dar seu show. Com a ajuda de um cabo ele pulou de rapel da cobertura do estádio, sob aplausos e gritos dos 70 mil espectadores, e rapidamente carregou a bandeira olímpica numa motocicleta como a usada em Paris em 2017, durante as filmagens de "Missão: Impossível 6".

- Chama apagada -

Após 19 dias de competições que tiveram na capital francesa um cenário deslumbrante, graças aos seus monumentos mais emblemáticos como a Torre Eiffel, os Invalides e os jardins de Versalhes. As competições continuarão com os Jogos Paralímpicos, de 28 de agosto a 8 de setembro.

"De um dia para o outro, Paris se tornou uma festa", comemorou o presidente do comitê organizador, Tony Estanguet.

Na cerimônia realizada no Stade de France, ao norte de Paris, desfilaram atletas das 205 delegações, os melhores exibindo suas medalhas.

Começou com a extinção do caldeirão, um anel de sete metros de diâmetro que ardia no Jardim das Tulherias desde a sua inauguração, em 26 de julho, no centro de Paris.

O gesto simbólico coube ao nadador Léon Marchand, herói francês destes Jogos com as suas quatro medalhas de ouro, que levou a chama olímpica numa pequena lamparina dourada.

Três horas depois, ele a entregou no Stade de France para ser apagada, momentos depois de Bach declarar formalmente os Jogos encerrados.

- Festival de música -

Desde o início, a cerimônia foi embalada por grandes clássicos da canção francesa: nas Tulherias, Zaho de Sagazan interpretou "Sous le ciel de Paris", musica eternizada por Edith Piaf e Yves Montand.

E no estádio foi montado um gigantesco karaokê com as músicas "Emmenez-moi", de Charles Aznavour, e "Les Champs Elysées" de Joe Dassin, que arrancou algumas palmas do presidente Emmanuel Macron.

Rodeado pelos atletas, o grupo Phoenix animou o estádio como prelúdio para temas musicais do outro lado do Atlântico, com o rapper Snoop Dogg - presente em Paris como comentador esportivo da NBC - cantando em uma sequência gravada em Los Angeles. Red Hot Chili Peppers e Billie Eilish também se apresentaram.

No Stade de France, a cantora californiana H.E.R. executou o hino nacional americano.

O toque final ao abraço entre França e Estados Unidos foi dado pela francesa Yseult cantando, numa apoteose de fogos de artifício, o clássico "My Way".

- Toque hollywoodiano -

A cerimônia de Paris teve um momento de grande carga simbólica do "viajante dourado", interpretado pelo 'breakdancer' francês Arthur Cadre.

O personagem que encarna a liberdade e acompanhado por uma reprodução da Vitória de Samotrácia, uma das mais famosas esculturas gregas do museu do Louvre desceu dos céus e redescobriu as Olimpíadas há muito desaparecidas, assim como fez o Barão Pierre de Coubertin no século XIX.

A cerimônia de encerramento durou uma hora a menos que a de abertura, única na história das Olimpíadas por ter ocorrido não dentro de um estádio, mas ao longo do Sena e com os atletas desfilando a bordo de 85 embarcações.

- Últimas medalhas -

O último dia dos Jogos teve momentos estelares no esporte. A seleção feminina de basquete dos Estados Unidos venceu a França por 67 a 66, chegado assim a oito títulos olímpicos consecutivos.

Com isso, o 'Team USA' terminou o quadro de medalhas na liderança, empatado em 40 ouros com a China.

A delegação americana, no entanto, conseguiu mais pratas que a chinesa (44 contra 27) e mais medalhas no total: 126 a 91. O Japão foi o terceiro, com 45 medalhas (20-12-13).

Pela manhã, em uma chegada emocionante, a holandesa Sifan Hassan ganhou o ouro na maratona feminina depois de ter conquistado dois bronzes no estádio olímpico, nos 5.000m e 10.000m.

Hassan fez os 42,195 km de prova com o tempo de 2 horas, 22 minutos e 55 segundos, estabelecendo um novo recorde olímpico.

O Brasil não disputou nenhuma prova neste domingo e encerrou sua participação no sábado conquistando a medalha de prata no futebol e de bronze no vôlei, ambos feminino.

- Brasil em 20º -

No sábado, a delegação brasileira encerrou sua participação nos Jogos em 20º lugar no quadro de medalhas, com um total de 20: três de ouro, sete de prata e dez de bronze.

O desempenho ficou abaixo de Tóquio-2020 (12° lugar) e Rio-2016 (13º), quando os brasileiros conquistaram sete ouros em cada uma dessas edições.

Mas por outro lado, em termos de quantidade de pódios, só perdeu para o dos Jogos realizados na capital japonesa, quando o Brasil conquistou um total de 21 medalhas.

As Olimpíadas de Paris ficaram marcadas pela consagração da ginasta Rebeca Andrade como a atleta brasileira mais vitoriosa da história dos Jogos, entre homens e mulheres.

Com um ouro, duas pratas e um bronze, a paulista de 25 anos superou a marca de cinco medalhas dos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt e se isolou na liderança, com seis.

Grael e Scheidt ganharam a companhia de Isaquias Queiroz, que conquistou sua quinta medalha olímpica ao ficar com a prata na canoagem.

Na cerimônia de encerramento, Ana Patrícia e Duda, medalhistas de ouro no vôlei de praia feminino, entraram no Stade de France como porta-bandeiras da delegação do Brasil.

- Sucesso de público -

As competições em Paris tiveram um cenário luxuoso: a Torre Eiffel em frente à quadra de vôlei de praia, o Palácio de Versalhes nas provas equestres, o obelisco da Place de la Concorde acompanhando o BMX, sem esquecer as ondas do Taiti, onde o surfista Gabriel Medina protagonizou uma das imagens mais icônicas destes Jogos, levitando sobre as águas, com o braço erguido.

O presidente do Comitê Organizador, Tony Estanguet, disse que o objetivo era aproveitar a herança francesa para "inspirar, surpreender, impressionar e entusiasmar os espectadores de todo o mundo".

O Sena foi outro dos grandes protagonistas. Apesar dos 1,4 bilhão de euros (8,42 bilhões de reais na cotação atual) gastos na limpeza do rio, a organização foi forçada a cancelar vários treinos e adiar por um dia o triatlo masculino, embora todas as competições planejadas, incluindo a natação em águas abertas, tenham sido realizadas.

Durante três semanas, os Jogos transformaram Paris em uma cidade amigável, repleta de delegações, voluntários - 45 mil - e espectadores de todo o mundo, sem o temido caos nos transportes.

Tudo sob a vigilância de um enorme dispositivo de segurança, que incluía patrulhas mistas da polícia francesa com agentes estrangeiros.

O evento também foi um sucesso de público, apesar dos preços elevados: foram vendidos mais de 9,5 milhões de ingressos, bem acima do recorde anterior de Atlanta-1996, quando foram vendidos 8,3 milhões.

W.Dupont--JdB