Journal De Bruxelles - Ausência de Messi em amistoso em Hong Kong causa revolta na China

Ausência de Messi em amistoso em Hong Kong causa revolta na China
Ausência de Messi em amistoso em Hong Kong causa revolta na China / foto: Peter PARKS - AFP

Ausência de Messi em amistoso em Hong Kong causa revolta na China

A ausência de Lionel Messi em um amistoso em Hong Kong e sua participação três dias depois em outro jogo no Japão agravaram a indignação de internautas e da imprensa chinesa, que acusam o craque argentino de desdenhar Pequim.

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O capitão da seleção campeã do mundo em 2022 foi vaiado no domingo (4) em Hong Kong, após não participar de uma partida de pré-temporada do Inter Miami, alegando lesão.

Os torcedores, que haviam desembolsado até US$ 500 (R$ 2.489 na cotação atual), exigiram o reembolso de seus ingressos e vaiaram o discurso de agradecimento do coproprietário do clube, David Beckham.

Três dias depois, o camisa '10' jogou por 30 minutos em um amistoso no Japão, o que aumentou ainda mais a indignação dos chineses, que se sentiram esnobados.

Nesta sexta-feira (9), a organizadora do evento, Tatler Asia, declarou estar "profundamente triste" e determinou o reembolso de 50% do valor dos ingressos.

"O jogo de Hong Kong foi o único dos seis amistosos da pré-temporada de Messi em que ele esteve ausente", destacou o influente tabloide nacionalista Global Times em um editorial que questiona "a integridade" do Inter Miami e de Messi.

O artigo, que considera que o jogador desprezou a torcida e a opinião pública, recorda que a seleção argentina tem duas partidas marcadas na China em março, menos de um ano após uma visita da 'Albiceleste' a Pequim na qual foram assinados importantes contratos publicitários.

"Espera-se que [Messi] dê uma explicação razoável antes disso", afirmou o Global Times. Em seu editorial, o jornal sugere que sinistras forças estrangeiras conspiraram para prejudicar a reputação deste território chinês semiautônomo.

- "Desprezo calculado" -

O governo de Hong Kong exigiu explicações dos organizadores do jogo, que renunciaram ao financiamento público para o evento e disseram ter recebido garantias da participação de Messi.

O argentino afirmou, por sua vez, que sua ausência em Hong Kong foi um "azar" e que espera poder retornar à cidade.

Contudo, uma assessora de alto escalão do governo local, Regina Ip, respondeu que o jogador "nunca deveria poder retornar". "A população de Hong Kong odeia Messi, o Inter Miami e a mão por trás deles pelo desprezo deliberado e calculado por Hong Kong", afirmou na rede social X.

"Suas mentiras e hipocrisia são nojentas", acrescentou.

Na China continental, de onde muitos torcedores viajaram para a partida em Hong Kong, Messi foi um dos assuntos mais comentados durante toda a semana na rede social Weibo.

Em uma publicação feita pelo craque argentino na qual lamentava não ter disputado o amistoso, os comentários exalavam sarcasmo e memes.

Alguns mostravam Messi vestindo roupas de soldados imperiais japoneses, em referência à participação do astro no jogo em Tóquio.

"Messi é muito antipático e arrogante, o que é realmente irritante", disse um usuário.

A questão é delicada. A atriz de Hong Kong Samantha Ko Hoi-ling teve que pedir desculpas na plataforma após declarar à imprensa local que entendia a ausência de Messi no amistoso.

"Nem mesmo uma manifestação preguiçosa pode afetar a nossa grande nação e ferir os sentimentos de toda a nossa sociedade", afirmou, por sua vez, o famoso editorialista nacionalista Hu Xijin.

J.M.Gillet--JdB