Journal De Bruxelles - Três anos após suspensão por doping, Bia Haddad faz história ao chegar às quartas de final em Roland Garros

Três anos após suspensão por doping, Bia Haddad faz história ao chegar às quartas de final em Roland Garros
Três anos após suspensão por doping, Bia Haddad faz história ao chegar às quartas de final em Roland Garros / foto: Emmanuel DUNAND - AFP

Três anos após suspensão por doping, Bia Haddad faz história ao chegar às quartas de final em Roland Garros

Em uma montanha russa de altos e baixos, a carreira de Bia Haddad foi prejudicada por lesões e uma suspensão por doping. Mas a tenista brasileira decolou e agora é uma das sensações de Roland Garros em 2023.

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Bia fez história na segunda-feira (5), na quadra Suzanne Lenglen, onde se classificou pela primeira vez na carreira para as quartas de final do Grand Slam de Paris, a primeira brasileira a ir tão longe desde Maria Esther Bueno, em 1968.

Com seu 1,85 metro de altura, a atual número 14 do ranking da WTA vive sua melhor fase aos 27 anos. Mas o caminho até o sucesso não foi fácil.

De 2013 a 2017, as lesões foram seu calcanhar de Aquiles: primeiro um deslocamento de ombro e três hérnias de disco, depois três vértebras fraturadas... Mas o pior momento de sua carreira veio em 2019, com um caso de doping.

- "Soco no estômago" -

No dia 23 de julho daquele ano, a Federação Internacional de Tênis (ITF) suspendeu Bia por 10 meses, após detectar uma substância proibida em um exame antidoping. Na ocasião, a defesa da brasileira alegou "erro humano" da farmácia que manipulava seus suplementos.

"Fui do céu ao inferno. Vinha da maior vitória da minha carreira, contra [Garbiñe] Muguruza em Wimbledon. Eu estava vivendo um momento incrível da minha vida. Foi como um soco no estômago", revelou a jogadora ao portal A Voz do Tênis, em maio de 2020, quando terminou sua suspensão.

A pandemia de covid-19 adiou seu retorno às quadras e, em setembro de 2020, Bia voltou ao ranking como número 1.342, a última posição.

Em 2022, entrou pela primeira vez no Top 30, depois de vencer os torneios de Nottingham e Birmingham, ambos na grama, seus primeiros títulos no circuito da WTA, e terminou o ano como número 15.

"Ninguém sabe o quanto trabalhamos nos últimos dois anos. Tive muita força e determinação. Estou muito feliz por estar aqui. Tudo o que passei na minha vida me deu força", declarou a brasileira depois da vitória em Birmingham.

- "Dia de sorte" com Maria Esther e inspiração em Guga -

Bia segue colhendo os frutos de seu trabalho duro, desta vez no saibro de Roland Garros, ao chegar às quartas de final depois de vencer a espanhola Sara Sorribes Tormo (132ª) em uma batalha de três horas e 51 minutos, o terceiro jogo feminino mais longo da história do torneio.

Na entrevista coletiva depois da partida, ela falou sobre os momentos que teve com Maria Esther Bueno, considerada a melhor tenista sul-americana da história: "Tenho uma foto com ela em Wimbledon. Foi um dia de sorte".

"Estou muito orgulhosa de representar o Brasil, mas não me comparo a ela", acrescentou Bia.

"Para mim, ela está em outro nível, como Guga", continuou. "Eu o conheci quando era juvenil, ele estava encerrando a carreira".

"Senti sua energia e entendi que tudo vem do coração. Acho que uma das coisas que ele ensinou a todos nós foi a jogar com o coração".

R.Michel--JdB